sexta-feira, 22 de julho de 2011

Ressaca

Tenho a casa em pantanas. Os garotos dormem a sesta, apetecia-me dormir com eles e tenho um livro quase a acabar que me está sempre a chamar, mas mesmo assim apeteceu-me blogar para vos falar da ressaca.
Não, ainda não voltei a beber, pois dou de mamar e, pelo andar da coisa se o R quiser, e as minhas mamocas também, mama até aos 18!
Tivémos mais um fim-de-semana em grande com visitas. Mas estas visitas, ou melhor, uma das visistas não é nada mais do que a mais ansiada visita para a M, a sua grande amiga A. Desde que chegámos, todos os dias a minha linda M me perguntava quando é que a A vinha e, quase sempre, acordava da sesta a dizer que tinha saudades da A e choramingava. Escrevia-lhe cartas em que dizia que a amava e que sabia da varicela, primeiro dela e depois da irmã, que a vida era assim, mas que ela tinha muitas saudades. Eram cartas de vir as lágrimas aos olhos. Cantava músicas inventadas em que o tema principal era a varicela. E finalmente, com a casa enfeitada de bandeirolas e balões, ela chegou, maravilhosa e linda para aquecer o coração, que queria saltar do peito, da sua grande amiga M, que tinha os olhos a brilhar de felicidade. E tiveram 4 dias de amor e brincadeira. Foram óptimos, não só para a M, mas para nós que adoramos a A e a sua família. O R também estava contente com a animação das garotas crescidas e com a nova amiga O, que está linda, linda... Por falar nele, acabou de acordar... continuo mais tarde...
Já cá estou, entretanto o T chegou e está com eles. Continuando...
A M seguiu a A para todo o lado, quis brincar com ela a full-time. Quando a A parava um pouco para pensar, a M perguntava: "-Porque é que ela não fala? O que é que ela tem? Quero brincar?". Às vezes guerreavam "eu sou primeira", "eu é que faço", etc, mas logo voltavam a ser amigas. A M estava toda absorvida pela A e quando os planos lhe corriam mal ficava frustrada e chorava, mas logo a seguir já ria, parecia que estava descontrolada de amor... e acho que estava. Quando se foram embora a M estava contente, mas nunca de barriga cheia "gostava que ela tivesse ficado mais dias". E a A, por seu lado, disse à sua mãe: "- O que eu mais gostei destes dia foi a M". São muito diferentes, personalidades, ritmos, mas adoram-se e querem casar uma com a outra. Quando a poeira da agitação baixou o meu pacientómetro estava um pouco alterado. Não houve grandes birras, mas constantes mini-fitas, resolvidas rapidamente, mas que cansavam um pouco. No final, os grandes já reviravam os olhos nesses momentos. A M cá ficou no seu monte sem a amiga. Na ressaca do primeiro dia ainda estava com horas de sono por dormir e um pouco alterada, mas passadas 24 horas voltou a nós. Já tínhamos saudades. Até o mano deve ter sentido que a mana estava noutra. Nessas 24 horas a mãe esteve refilona, também ela de ressaca e um pouco angustiada por ver os amigos partir e cansada de briguinhas. Qualquer fitinha que surgia eram uns nervos que me invadiam. Mas as 24 horas passaram e eu recuperei e voltei a mim e a eles. E assim passou-nos a ressaca e voltámos à nossa vida de campo: brincadeiras, pic-nics, miminhos e vento, muito vento!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

SEMANA EM CHEIO

Pois é, pensava eu que as semanas no campo não seriam repletas de acontecimentos, mas estava muito enganada, até porque tudo é um acontecimento!  Fizémos de tudo. Fomos à praia de manhã pela primeira vez os três sozinhos. Já tínhamos ido ao fim do dia e o pai T depois juntava-se a nós, mas como era o primeiro dia do Verão, lá fomos nós. Chegámos perto das 10, nunca conseguimos despacharmo-nos muito rápido, o R não fez o seu sono matinal porque quando o deitei ela acordou, depois o creme protector acabou, estava um calor daqueles, lá brincámos e chapinhámos nas poças com água quentinha, isso foi bom. Depois tentámos almoçar, tinha levado almoço para a M, para depois irmos embora e dormirem a sesta. A comida quase sempre a rebolar, o R com sono, a M sempre em movimento, a areia por todo lado e eu fiquei refilona. Adormecemos o mano num passeio pela praia em que a M foi ver as gaivotas (barcos). Queria andar… só se eu fosse maluca, são precisos dois para pedalar filha! Fica para a próxima. Isto mais um chapéu que deixa queimar e que voa sempre que sopra uma brisa e os meus remorsos da hora, do sol, do mal que faz e pensei… nunca mais me apanham aqui a esta hora com os dois sem o T. Praia a 3, só no fim do dia! Ainda assim, correu muito bem porque tenho uns filhos maravilhosos, mas fiquei mãe refilona e não gosto. Quando saímos da praia, eu com a mochila, chapéu e R no pano e a M pela mão, num braseiro insuportável das 14 horas, longe do carro, disse à M:- “filha hoje estive chata não estive?”. Ao que ela respondeu: -“ sim, estiveste chata!”. “Porquê?”, perguntei eu. “Não me lembro”, disse ela e rimo-nos, ainda bem!
Noutro dia fomos a uma quinta, no carro atrás das nossas únicas amigas daqui, a A e a sua filha M. Fomos comprar um cabaz de legumes e frutas biológicos. Põe o que há, que depende sempre, e depois custa 7 euros e meio. Vê-se as senhoras a apanhar tudo na hora, ainda se dá dois dedos de conversa com a proprietária que é muito engraçada e luminosa  e que deixou a vida de contabilista para se dedicar a esta nova ocupação. A quinta é bonita, tem porcos, as garotas gostam de os ver e de correr por lá, pois tem os corredores grandes por entre as áreas cultivadas. No final regressa-se a casa com um cheiro maravilhoso no carro. Os morangos e o tomate cereja, uma delícia! Claro que, como a A teve de ir trabalhar, nós saímos da quinta sozinhos e perdemo-nos pelo menos 3 vezes. O meu R estava farto e chorava, parámos duas vezes para o consolar e depois tivémos uma ideia: colocámos o R na cadeira da M e a M no ovo do R, para ver se o R gostava. Ao início o R achou graça e a M adorou! Parecia a Alice do País das Maravilhas, gigante dentro da casinha. Mas quando chegámos a casa o R já não estava nada contente outra vez, por isso, não vamos adoptar a modalidade... mas ainda nos rimos.
E mais um acontecimento: fomos os quatro a um concerto meditativo nativo à noite. Não sabia ao que ía. Conheço a rapariga que faz os concertos (com o marido que é índio) e gostava de a ver, os vizinhos íam e depois apetecia-me fazer qualquer coisa diferente. O T não estava nada virado para a coisa, mas para me ver contente lá foi. Era na Carrapateira, numa quinta toda fina e espectacular. Vimos pessoas e conversámos um bocadinho e começou. Era numa tenda maravilhosa, tudo às escuras. As pessoas podiam sentar-se ou deitar-se. Começou. Havia sons, ora de penas, ora de búzios, ora de conchas, ora cânticos, ora flauta e uma espécie de cavaquinho. A M esteve o início todo a perguntar: "- Então, quando é que começa?"e o T olhou para mim com aquele ar "mas porque é que temos de vitr a estas coisas?" e começamo-nos a rir. O R mamou, sorriu,. arrotou, as pessoas que ouviram riram-se, brincou um bocadinho, mamou e adormeceu. A M desistiu de esperar que desse para dançar e adormeceu. Eram as únicas crianças. Foram tão lindos. Depois deitei-me no chão, com o R a dormir em cima de mim e a fazer festinhas na M  e fechei os olhos e fiz uma bela viagem. Imaginei umas montanhas na América do Sul e um homem que passeava pelas suas silhuetas. Eu gostei de ir. E, bem no fundo, o T também!
E no fim da semana fiz 34 anos e tive visitas. Passsei o dia a chapinhar na piscina de plástico, a brincar e a conversar. À noite jantámos fora e ainda passámos no bailarico que estava muito animado, Mas a M estava com sono e só bailei um bocadito, se não... ninguém me parava!
E assim se passou uma semana em cheio.  

HISTÓRIA DO DIA

Era uma vez a M e a mãe. Estavam as duas a fazer papas de terra. Vá-se lá saber qual das duas gosta mais desta brincadeira! De repente, viram um bicho-da-conta. “Está morrido”, disse a M, e de facto parecia, “Dá-me pena!”. A mãe perguntou se ela o queria enterrar, mas ela decidiu que iria colocá-lo num buraco na parede, numa espécie de casinha. Quando está a fazê-lo, ele cai ao chão e começa a mexer-se. “Afinal está vivo!” e começam a rir-se. Imagina só se o tivéssemos enterrado e o pobre bicho acordasse e quando se desse conta do que tinha acontecido dissesse: -“olha-me aquelas malucas, enterraram-me vivo!”. E a M ri-se à gargalhada a imaginar o pensamento do bicho. E depois isto vira história: -“oh mãe, conta outra vez!”… e assim foi a história do dia.