terça-feira, 4 de setembro de 2012

Conversa em dia


Não escrevo há tanto!!!
O principal motivo é porque tenho estado com os meus dois garotos desde 1 de Junho e por isso já não posso aproveitar as sestas do pequeno R para escrever, porque tenho a minha M à espera do momento só dela!
Mesmo não escrevendo, vão ocorrendo coisas/pensamentos que penso escrever, por isso vou fazer uma espécie de apanhado desses momentos, pelo menos de alguns que me recordo agora.
  • Fora de mim- tive um daqueles episódios em que soltei o bicho mau dentro de mim. Foi em Maio. Fui levar a minha M à escola e ela não quis ficar. Não estava lá a professora preferida, só estava a outra, mas ela não me disse que era por isso, mas eu sei… em todo ano aconteceu esta situação 3 vezes e em nenhuma estava A professora. Expliquei-lhe que se ela não quisesse ir devia ter dito em casa, e assim não viria à escola, mas agora já lá estávamos, por isso era para ela ficar na escola. Ela agarrou-se a mim como uma lapa e não me deixava ir embora. Eu dei-lhe tempo, esperei, dei uma volta pela escola com ela e com o mano, mas depois cometi uma das asneiras, disse-lhe que, como tínhamos combinado, depois da escola iriamos à praia, mas para isso acontecer ela teria de ir à escola (como se fosse um prémio!!! Acho muito foleiro fazer esta manipulação, mas saiu-me). Então ela entrou num conflito interno: queria ir à escola para ir à praia, mas não conseguia ir à escola. Eu podia ter acabado com aquele sofrimento dizendo: “não te preocupes, não vamos à escola, mas vamos à praia à mesma”, mas não disse. Estava irritada por termos feito a viagem em vão, por ter os meus planos alterados (limpeza da casa-de-banho, quem sabe, mas às vezes custa-me mudar o plano que imaginei para o meu dia… a M também é assim…). Podia ter ido embora, sabendo que ela choraria um minuto e ficaria bem. Aconteceu uma vez, em que eu tinha mesmo de ensaiar e deixei-a, com o coração partido, e depois ela disse-me, e a professora também, que tinha passado logo. Mas desta vez eu não tinha trabalho obrigatório, por isso a minha culpa em deixá-la assim era maior, não tinha desculpa… Bom, aquilo chegou a um momento em que eu disse “vamos para casa”. Ela aí já estava descontrolada a gritar e a dizer que não queria. Tentei dar-lhe a mão, não quis. Como um furacão agarrei-a ao colo, o pequeno R, vendo o furacão, começou a chorar, ela também. Saí com os dois ao colo aos berros, sentei-os nas cadeiras, liguei o carro, em furiosos e comecei a desbobinar tresloucada: o que era aquilo, uma birra daquelas, aos berros na escola, agora não havia praia para ninguém, que ela parecia um bebé, que se aquilo acontecesse mais não voltávamos à escola (este ano a M só frequentou porque quis, regularmente perguntava-lhe se queria deixar de ir, mas ela queria continuar por causa dos amigos, naquela modalidade das 3 manhãs, para não enjoar) … enfim, estas coisas horrorosas que se dizem só para magoar. Bem no auge deste discurso caiu-me a ficha e calei-me. Percebi que a estava a magoar de propósito, que estava a ser má. Senti-me a pior mãe do mundo. Fomos caladas até casa e quando chegámos e ela saiu do carro abraçámo-nos e chorámos. Pedi-lhe perdão por a ter colocado naquele conflito, mas pedi-lhe para ela me avisar em casa quando não quer ir, porque a não ser que eu tenha mesmo de trabalhar, eu fico com ela. Enfim, foi mais um dos meus maus momentos, em que revelei o meu dark side
  • Culpa- dei-me conta que isto é, mais do que tudo, o blog da culpa. Ou seja. Aqui venho drenar alguma da culpa que sinto. Mas é só alguma, porque eu sinto culpa por tudo e não sei porquê. Sinto culpa se me zango com os meus filhos. Sinto culpa se me zango com os meus pais e digo o que sinto. Culpa porque não trabalho e o T trabalha. Culpa quando trabalho e deixo os meus garotos sem mãe. Culpa quando o T fica sozinho com os nossos filhos e eu tento trabalhar. Culpa se tento fazer qualquer coisa sozinha que só me dá prazer e não dá dinheiro. Culpa por ter vontade de trabalhar. Culpa por ter vontade de ficar com os meus filhos sempre em casa. Culpa por ser feliz com a minha vida sem grandes ambições profissionais. Culpa se tenho ambições. Culpa de não ter tempo para o T. Culpa por estar feliz, a brincar, a passear com os meus filhos enquanto o T trabalha. Culpa, culpa, culpa e mais mil culpas que não me lembro. E agora? Agora estou farta de sentir culpa e quero encontrar-me a mim longe desta carga tão pesada que nem me deixa ver o que realmente eu quero!
  • Férias- que bom! Viajámos na nossa carrinha durante 19 dias, fizemos mais de 3000 km e estivemos os 4. Às vezes só os 4, às vezes os 4 com amigos, mas sempre os 4. E adoro este conjunto que formamos, esta união, este seio familiar. Adoro ter o T por perto ao pé de mim e dos garotos, sem ter de ir trabalhar e sem voltar do trabalho. Adoro o cansaço bom das férias, um cansaço puro, de noites desconfortáveis e dias gigantes com coisas novas e espaço por estrear. Adoro os nossos conflitos: norte ou sul, mais 20 ou 50 km, cidade ou campo? Às vezes discutimos ou refilamos, mas passa a correr, no quilómetro a seguir já olhamos pela janela muito atentos, ou gritamos de alegria porque já estacionámos e encontrámos um poiso belo onde dormir. Esta descoberta do mundo é também uma descoberta interior. Conhecemo-nos melhor. E naqueles momentos em que fui só co-piloto, sem dar mamas em andamento, nem fazer sandes e procurar bolachas no armário enquanto a carrinha me sacode e me faz sentir toda mareada, nesses momentos de silêncio em que não cochilei e vi o mundo a correr na minha janela, pensei e ouvi-me… foi bom.
  • Fraldas- o pequeno R largou as fraldas. Tem 22 meses e diz quando quer fazer xi-xi “tchi-tchi”. Se estiver na rua e despido, nem pergunta, faz. O có-có é mais difícil, mas está a correr cada vez melhor (já fez um no chão de um restaurante e foi parar em cima do pé de uma pessoa…). À noite não tem feito e quando acorda pede para fazer… enfim, estou surpreendida, está a ser muito despachado e está muito contente com isso, acho eu! E eu também, pois gosto de ver aquele rabinho nu e aquela piloca a passearem ao pé de mim, sem o calhamaço da fralda. E depois está tão lindo, de boxers (as mais pequenas que encontrei no mercado), morenaço e com os seus caracóis de ouro!
  • Crescer- a minha M está maior. Está muito linda, mesmo! Mas está mais crescida e mais independente. Eu sei que é bom, mas o meu coração amedronta-se. Agora anda muito meiga para o pai e no outro dia quis que ele se agarrasse a ela para dormir… e não eu, como sempre!!! Eu tento que não se veja o ciúme. E fico feliz pela relação deles e por sentir que ela já não está tão dependente de mim, mas o meu coraçãozinho ciumento sente-se. E assombra-me a questão: é crescimento ou resultado de menor atenção, pois o R está na fase em que me quer a mim para tudo? Pois que não sei… só sei que quando ela se agarra ao meu pescoço para dormir eu delicio-me e penso: aproveita bem…


E para já, é tudo…