terça-feira, 21 de dezembro de 2010

DEVIA ESTAR NA CAMA

Os meus pequeninos estão a dormir, o pai foi trabalhar e eu devia mesmo estar a aproveitar para dormir, pois o R pode acordar a qualquer momento, o que quer dizer que a M também pode acordar, pois quando o pai não dorme em casa, fica cheia de medo que eu saia do quarto para dar maminha, pois não quer ficar sozinha. Ontem acordou quando eu estava a sair, eu disse-lhe para ela não se preocupar que eu só ia lavar a maminha (porque ponho limão por causa dos sapinhos e antes de dar de mamar tenho de lavar) e já voltava. Ficou em  pranto, levantou-se e apareceu descalça no corredor. Eu abri-lhe os olhos, como faço quando fico furiosa, e disse-lhe para ela ir já para a caminha. E lá foi ela. Ainda lhe disse que não percebia para que é que era aquele alarido todo, e ela disse “não fales assim comigo”. Mal ouvi isto parei de ser chata. E ainda me disse: “eu quero que fiques contente”, porque eu estava a dizer “eu fico triste que tu…”. Claro que tentei logo redimir-me: “A mamã está contente meu amor, está tudo bem, só não queria que estivesses ao frio, porque estás constipadinha…”, é tão docinha a minha minhoca e tão sensível.
Mas, estranhamente, não tenho sono… e acho que me apetece desfrutar de um momento a sós comigo… ultimamente há muito poucos destes. Não me queixo, adoro ser mãe, mas claro que de vez em quando sinto falta de mim. A M teve febre há dois dias. Mas já está boa (só com as massagens de reflexologia!), ficou com muita ranhoca, por isso temos estado por casa. Amanhã vai de manhã à escolinha para eu (e o R agarradinho a mim no pano… espero que não chova!) ir comprar as últimas compras de Natal, esta semana só vai uma vez, iupi! Gosto que ela vá pouco à escolinha… eu sei que ela está lá bem, gosto da educadora e da auxiliar, não se trata disso, mas acho que o lugar dela é ao pé de mim e tem a vida toda para ir para a escola, não precisava de ir tão pequenina. Claro que me sabem bem as manhãs que a deixo na escola, pois posso namorar um pouco mais com o R a sós, o que também gosto muito de fazer, e tenho um bocadito de mais tempo para mim. Mesmo assim, a minha relação com a escola está bem melhor, pois agora ela gosta mais de ir e assim já não me sinto tão culpada…
Hoje não foi um dia fácil. A M já está boa, mas quer muitos mimos e só os quer da mãe. Quando a mãe não pode, chora. O T, que já não acordou muito fino, fica irritado, eu começo a refilar com o T e a sentir a minha paciência ameaçada e o pequenino R não consegue dormir (acho que estava com muito cocó para fazer, ajudei-o), mas claro que tem soninho, logo também quer muitos colinhos e maminhas. Ou seja… acho só lavei os dentes agora à noite… é o que se arranja.
Enfim, amanhã será melhor. O Natal está a chegar. A família entra sempre em stress nesta fase do ano. Graças a isso, durante muito tempo não gostei do Natal, mas desde que nasceu a M gosto. Este ano, em Novembro já tínhamos feito a nossa árvore de cartão (com caixas de pizza) e alguns presentes para oferecer. Os avós vão receber uma tela pintada pela M, estão muito giras. Se um dia me entender com o blog, ponho fotos.
E é assim, sem grande inspiração que deixo estas palavrinhas (acho que não vou ter tempo de voltar a escrever antes do Natal): Feliz Natal, com muitos mimos, fritos, amor e, se conseguirem, sem conflitos familiares típicos desta data!

Ps- a M está desejosa que chegue a noite de Natal e eu também!
Pps- Já tenho sono.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

COITADO DO PAI NATAL!

Venho aqui deixar claro o meu franco desacordo na utilização do Pai Natal como um instrumento de pressão para conseguirmos o que queremos junto dos nossos filhos. Porque é que temos que transformar aquela figura simpática, de bochechas rosadas (ligeiramente alcoolizadas, naturalmente, com o frio que faz lá em cima), gordinho, fofinho e com um coração tão grande que o leva a distribuir presentes por todas as crianças do mundo, numa figura a temer, que tem o poder de julgar as criancinhas e decidir quais são as boas, e que por isso merecem presentes, e quais são as más, e que por isso não levam nada! Pobre homem! De certeza que não era essa a sua intenção. Mas alguns pais, chegando a quadra natalícia, tentam resolver os problemas que vão surgindo com a repetida frase: - “Olha que tens de te portar bem, se não o Pai Natal não te traz presentes”. Pobres crianças, que medo devem ter daquele homem que vai decidir sobre a sua felicidade. Não poderíamos deixar o Pai Natal em paz? Não poderíamos deixar que os miúdos gostassem dele sem o temer? Pois é, já sei que quando éramos pequenos também nos diziam isso e que “não nos fez mal nenhum” (será que não? Sabe-se lá!), mas temos de repetir tudo, inclusivamente as coisas que não gostámos que nos fizessem? Eu gostava que não. Tenho um amigo que numa certa fase dizia ao seu filho, quando queria controlá-lo: - “Olha que vem aí o chefe!”. Nós gozámos e dissemos que quando crescesse o rapaz iria ter problemas laborais com os seus superiores e nunca saberia porquê. E com o juiz Pai Natal, será que ensinamos os nossos filhos a sentir que quem dá um presente espera sempre algo de nós. Nem que seja apenas que sejamos bons… sempre! Quem é que consegue ser bom sempre? Eu não, por isso estou lixada, o omnipresente Pai Natal vai ver e vai cortar nas prendas… lá se foram as botas!

sábado, 4 de dezembro de 2010

FRALDAS REUTILIZÁVEIS

Nesta gravidez comecei a pensar nas fraldas reutilizáveis por questões ambientais e financeiras e pelo bem do rabinho do meu bebé. Depois encontrei um estudo da Quercus em que eram evidentes os benefícios: menos uma tonelada de lixo por bebé e mais euros no bolso (entre 700 e 1500, acho eu), tudo isto por um período de cerca de 2 anos e meio. Andei a ver preços e eram todas bastante caras, ou seja, o investimento compensa sempre, mas não deixa de ser um grande investimento: pagar cerca de 200 euros para ter um mínimo de fraldas não é fácil. Por isso o T andou a pesquisar e encontrou umas no e-bay, made in china with love (dizia assim na etiqueta). Como diz a minha amiga Rita, quando vê produtos made in China não consegue deixar de imaginar criancinhas a trabalhar numa cave escura. Não vou negar que este pensamento me veio à cabeça, mas tentei ignorá-lo porque me dava muito jeito, pois 7 fraldas custaram-me apenas 29 euros e picos. Demoraram cerca de 15 dias a chegar, são giras, ajustam-se bem e o rabinho e a pilinha do R, que têm tendência a ganhar umas borbulhinhas com as fraldas descartáveis, gostam!  Só têm um senão, deixam sair muito regularmente, mesmo quase sempre, um bocadinho de xi-xi para uma das perninhas. Normalmente isto acontece quando a fralda fica por 4 horas, o que muitas vezes acontece. Não sei se é pelo excesso de tempo, se pelo facto das perninhas do R ainda não serem demasiado gordinhas e deixarem uma ligeira folga, ou se pela qualidade das ditas fraldas, é que isto acontece. Se alguém tiver experiência com fraldas deste género, diga-me por favor se isto costuma acontecer, pois quero decidir se mando vir mais, para ficar com 21 fraldas (por apenas 90 euros) na esperança de que funcionem melhor quando ficarem menos folgadas nas pernas, ou se devo experimentar outras. Fico à espera…

GLÓRIA ALÉLUIA!!!

Já esperava este dia há muito. E, finalmente chegou. E que felicidade! O cheiro é diferente, o ambiente é outro e a casa fica maravilhosa, especialmente porque eu não tive que fazer qualquer esforço para ela ficar bem. Nem eu nem o T, que ultimamente é quem se tem dedicado ao assunto. O seu nome é Glória, é de confiança, porque vem através de amigos, muito despachada e simpática. O que se quer mais? Não sou minuciosa e não esperava que quatro horas servissem para aniquilar meses de más limpezas, por isso estou muito satisfeita. É o dinheiro mais bem aplicado dos últimos tempos pois significa uma família com mais tempo para ela própria e uma casinha mais apresentável e agradável de se estar. De futuro, serão apenas três horas por semana. Claro que ainda sobram muitas tarefas para nós, como a roupa, as camas e as refeições, mas o que não temos de fazer é fantástico! Bem vinda Glória, ainda bem que chegaste ao nosso lar!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

2 MESES

O R fez dois meses e está cada vez mais crescido. Faz uns sorrisos maravilhosos, fica mais tempo acordado durante o dia, dorme mais à noite, gosta de estar deitado (tempo limitado, claro) a olhar para nós quando falamos com ele, gosta de mudar a fralda, ou melhor de estar aquele bocadito “ao léu”. Está muito melhor dos sapinhos e acho que isso também ajuda a que ande menos irritado e já faz cocó mais vezes sem ajuda… está um rapaz!!! Para adormecer, durante o dia, anda um bocadito difícil. Depois de uma hora para adormecer, dorme meia hora e acorda e fica cheio de sono, claro. Hoje pu-lo no pano às 19, porque se o pusesse na caminha ele ia acordar novamente passada meia hora, e ele estava com tanto sono que dormiu até à uma e meia (deitei-o por volta das vinte e uma e trinta e ficou). É um borrachinho e tem o beicinho mais lindo e a sua mana está cada vez mais compreensiva e hoje, por exemplo, não foi fácil, pois passei muito tempo a tentar adormecê-lo e ela esperou-me tranquilamente… que lindos os meus bebés e que crescidos!

O PIOR E O MELHOR DA SEMANA

Nesta última semana as coisas têm estado cada vez melhor. O melhor para mim foi ter recuperado a minha paciência… voltei a mim. Já não sou a mãe rabugenta e implicativa que me estava quase a tornar! Yupi! Já percebi que a irritação surge quando durmo menos, ou seja, há que prezar cada segundo de sono e quando não é possível, fazer um grande esforço para controlar os nervos à flor da pele. Como resultado, a minha M tem estado óptima: mamã bem disposta = menos birras = família feliz! No último fim-de-semana estive todo o dia com o R e a M e sem o T e correu muito bem. Claro que foi estafante, especialmente porque tinha dormido pouco numa das noites, mas entendemo-nos muito bem os três, excepto num breve mas intenso momento que é precisamente “o pior da semana”. Estava a tentar adormecer o R e a M queria brincar (estava na fase antes da sesta, um momento sempre com alguma tensão…). Começou a puxar os pés ao mano. Eu dizia para ela parar e ela, divertida e com aquele olhar, continuava. Empurrei-a  para afastá-la várias vezes e ela continuava. Fugi e ela perseguiu-me até que a fúria subiu em pleno, baixei-me e puxei-lhe um pé, como ela estava a fazer ao mano, totalmente furiosa. Não a magoei, claro, mas fi-lo com bastante ira. Ela chorou, mas muito pouco. Perguntei-lhe se tinha gostado e disse-lhe que eu tinha odiado fazê-lo, mas que me tinha descontrolado, que o facto dela fazer aquilo me deixava doida. E ela repetiu “doida”. E no segundo a seguir ficámos as duas bem. O mano adormeceu e depois pude dedicar-me à sesta dela. Mas foi este o acontecimento que manchou a nossa semana, que estava a correr tão bem… enfim, está feito, está feito. Mas é o meu grande ponto fraco: ajo como uma fera quando o R é atacado e, na verdade, as tentativas da M são muito brandas, ele nem se chegou a queixar, mas não gosto nada de ver. Eu sei que a M faz isto não para magoar o R, mas para me provocar. Já falámos as duas sobre isso. Eu confio muito na M, muitas vezes deixo os dois e vou fazer qualquer coisa (muito breve porque o R não aguenta quase tempo nenhum sem estar ao colinho) e ela fica a “tomar conta” dele, e é sempre muito meiga para ele e mal ele ameaça chorar, ela diz: - Mamã, o mano vai chorar. Enfim, desde esse dia não voltou a acontecer, mas se voltar, tenho de arranjar outro modo de dar a volta ao assunto.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

DIAS CINZENTOS: AS BIRRAS

Antes de mais quero dizer que não podia estar mais feliz por ter dois filhos tão maravilhosos. Mas isso nem sempre faz com que eu seja a mãe que gostaria de ser. Por vezes fico irritada e perco a habitual paciência que tenho (exclusiva para os filhos e muito em falta para outras pessoas que fazem parte da minha vida). E desde que o R nasceu sinto que estou com muito menos paciência e, por vezes, transformo-me na mãe que nunca quis ser: refilona, irritadiça e sem paciência. Desde que o R nasceu têm havido alguns dias realmente complicados. Não são muitos, mas quando aparecem desgastam-me imenso. Normalmente o que acontece quando estamos só os três?
Estou a dar de mamar, a M quer brincar comigo e, como não pode, começa ou a chorar e a gritar “quero a minha mãe” (mais inicialmente), ou a tentar fazer malandrices ao mano, como tentar afastar-lhe a cabeça da minha maminha, tentar bater-lhe ou puxar-lhe o pé, ou a tentar ir para o meu colo ao mesmo tempo. Isto, na M é muito pouco comum pois ela não é nada agressiva, nem connosco nem com outros meninos. E ela faz tudo isto sem grande convicção, sempre a olhar para mim com um olhar específico para este momento. Aliás, eu já sei quando vão acontecer estes momentos, pois ela olha para mim antes a avisar “vou fazer malinhos”. Eu não consigo disfarçar a enorme irritação que sinto quando ela começa com isto. Não que eu não compreenda: quer-me e não pode e não está habituada pois antes eu podia sempre. Mas mesmo percebendo fico chateada, o pequenino R fica irritado com os berros, sente a minha irritação e muitas vezes ouve-me a ralhar com ela, pois acabo por não me controlar. Já para não falar que a tenho de afastar muitas vezes e que isso me faz sentir violenta com ela, o que me desgosta muitíssimo. Depois de um pouco tudo passa, a M começa a brincar sozinha, sempre à espera que eu “fique livre”, claro, mas tranquila. Mas graças a estes momentos, ontem decidi, pelo menos por uns tempos, levar a M todas as manhãs para a escola (ela só tem ido 3 manhãs por semana, das 10 às 14 e 30). Esta decisão deu-me muita pena e frustração, pois eu queria mesmo ficar com os dois, mas enquanto não conseguir superar a minha irritação e contornar este momento de uma forma mais airosa, acho que não estou a ser boa nem para um, nem para outro.
Mas estes dias cinzentos não se confinam aos momentos em que estamos apenas os três. Aliás, acho que as maiores birras acontecem quando o T está por casa. (entretanto passou mais um dia. Tive de interromper para tomar banho e estava tão distraída que entrei na banheira e comecei a molhar-me com o soutien vestido!) Como dizia, as maiores birras, os dias mais cinzentos escuro acontecem a quatro. A M já fazia algumas birras, nada de especial, mas fazia-as, quando não fazíamos algumas coisas que ela queria. Mas começou a fazer umas recorrentes, na hora de ir para a cama. Porquê? Eu cá tenho a minha explicação. O R, depois do jantar, costuma estar a dormir, ou seja, estou livre para brincar e costuma ser depois do jantar que nos desforramos das brincadeiras. Claro que dizer já acabou a este momento pode ser doloroso. Mas todos os dias birras à mesma hora também o é. Depois, nestes ditos momentos, para melhorar tudo, eu e o T temos por hábito começar a discutir, ora porque eu digo “não fales assim”, “não precisas gritar”, “não digas isso”, eu sei, tudo coisas que não se devem dizer, especialmente às frente dos filhos, mas eu não me consigo controlar. O T tem muito pouca tolerância a gritos e choro e quando tal acontece fica logo no limite, o que piora as coisas que poderiam acabar por desaparecer per si. Enfim, como dizia, estas situações ficam intensas e eu tento aguentar, mas no outro dia acabou por me saltar a tampa e disse à M com o meu ar mais duro, de veia do pescoço inchada (que me caracteriza na ira), que se ela não fosse imediatamente para a cama comigo (porque dormimos todos juntos… sim às vezes torna-se confuso, mas sabe bem) no dia seguinte não ia ver desenhos nem lhe iria contar nenhuma história (a M é viciada em histórias). Ou seja, ameacei-a com um castigo. Não gosto da ideia do castigo, pois não quero que ela deixe de fazer birras com medo do castigo, mas sim porque percebe que precisa de dormir… mas não resisti. O meu ar deve ter sido tão sério que ela veio comigo a soluçar ao meu colo. Quando estávamos na caminha, ela tentava chorar baixinho para não acordar o mano, pois eu tinha-lhe dito que se o mano acordasse com os gritos a “pena” das histórias mais desenhos se mantinha, mas às vezes não aguentava. Estava a partir-me o coração, mas a irritação ainda estava ao rubro. Finalmente acalmei-me, com ela abraçada disse-lhe para ela não se preocupar, que se o mano acordasse não havia problema e ela acabou por sossegar e adormecer… aos soluços… a minha bebé… Odiei ter feito isto. Achei horrível, mas não consegui controlar-me. Desde esse dia não têm havido birras para dormir, às vezes há algumas ameaças mas não se desenvolvem. Falámos sobre o que aconteceu, quis que ela percebesse o porquê dela precisar de dormir, para tentar “limpar” aquela sensação “tenho de ir para a cama sem birras porque se não a mãe zanga-se e não tenho histórias nem desenhos”, mas acho que isso não é possível. As coisas não se apagam, ficam lá. Não acho que fique mal pedir desculpa, por isso pedi, por lhe ter falado daquela forma tão brusca. Quando lhe falo menos bem, tenho por hábito pedir-lhe desculpa. O T acha mal, mas eu não. Ela também pede desculpa quando acha que erra e eu gosto. Diz assim, “parti-te o coração, mamã?”, é tão linda…
Bem, e aqui ficou um registo de um momento cinzento. Temos outros, claro, mas temos muitos mais coloridos, cheios de beijinhos, abraços, brincadeiras e gargalhadas. E é tão bom quando vejo os manos a namorarem… nem que sejam apenas breves momentos, pois o R rapidamente se cansa da posição e quer mudar, mas quando acontecem aquecem-me o coração!

A CRISE DA CHUCHA

Nunca quis que os meus filhos usassem chucha. Há mães que acham que lhes fica muito bem, eu gosto mais de lhes ver a boquinha e, além disso, sempre me pareceu que a chucha era para os pais que já não aguentavam mais ouvir os filhos a chorar. Depois de ter tido a M soube que a chucha podia interferir na amamentação e ainda fiquei com menos vontade de lhe dar chucha. Houve uma altura por volta das 3 ou 4 semanas em que a vimos mais agitada e com dores (pareciam-nos as ditas cólicas, mas nunca sabemos…) e experimentámos um pouco a medo e, felizmente, ela nunca gostou e cuspia sempre, o que me deixou sempre muito feliz, porque sempre senti que a chucha era um substituto da mãe e das suas maminhas e como eu estava ali, qual era a necessidade de me trocarem? Mas, enfim, quando vemos o nosso bebé a chorar vale tudo (ou quase) e, por isso, experimentámos.
Quando o R nasceu tinha a certeza que não lhe queria dar chucha, sem dúvida alguma. O R, que é mesmo lindo, depois da primeira semana de idade começou a chorar mais, parecia (e parece) que tem bastantes gases e alguma dificuldade em fazer có-có (para além dos sapinhos que o devem irritar bastante). É comum que depois das mamadas fique um pouco mal-disposto e nenhuma posição serve, excepto de barriga para baixo apoiado no braço ou em cadeirinha, a fazer alguma pressão nas pernas contra a barriga, tudo isto, de preferência, em andamento. A maminha resolve muitas desta situações, mas nem sempre, há momentos em que fica pior quando mama e contorce-se com algumas dores. Para além disto, não gosta de ficar deitado (seja em que posição for), prefere estar ao colinho e, por isso, anda muito comigo no pano, para ir fazendo outras coisas, inclusivamente brincar com a M. Estou a ganhar um enorme treino a fazer tudo com ele no pano, faço imensos agachamentos, o que deve ser bom para a coluna e pernas (ainda bem!). Ou seja, é um bebé que não só gosta de contacto (como todos, acredito), mas que faz por ter esse contacto (acho muito bem!). O R, nesta família tem amor garantido, mas quanto à atenção, esta é muito disputada com a M, que adora brincar connosco a full-time, por isso, eu tenho cá uma teoria que ele faz por ter a atenção que merece. A M já sabe queixar-se muito bem e exigir-nos a sua atenção e ele, à sua forma, também! Bem, isto tudo para contextualizar a crise da chucha. O T, por tudo isto, e porque não tem mamas, quer, desde a segunda semana do R, pôr-lhe chucha. Este tema deu pano para muitas discussões, volta não volta o tema vinha à baila e gerou as maiores discussões da era R. Eu não queria por tudo o que acho sobre a chucha, para além de me irritar o facto de criarmos uma dependência no bebé para depois, quando já não dá jeito, nem fica bem, lha tirarmos. Mas tive uma sexta-feira negra. O R chorou imenso tempo, a M fez imensas birras porque queria a minha atenção e eu estava super irritada e a sentir-me incapaz. Quando ele chegou, eu estava esgotada e disse-lhe que quando ele quisesse podia pôr-lhe a chucha. Passou-se um sábado óptimo a passear e o domingo chegou. À hora de almoço o R estava a chorar e o T levantou-se para o consolar. Passado um pouco, aparece o R com a chucha na boca, caladinho e a chuchar intensamente. Até me vieram as lágrimas aos olhos. Eu sempre pensei que ele também a cuspisse como a irmã… que não me trocasse, por aquele bocado de silicone desengraçado. Disse ao T que ele só estava a chuchar porque estava com fome (sem saber se isso era verdade) e começámos uma nova discussão. O T não estava à espera da minha péssima reacção, pois “se eu tinha dito”… claro, às vezes os homens não percebem nada… também tinha dito que se ele gostasse de chuchar eu ia ficar profundamente infeliz e era essa parte que eu gostava que ele tivesse seleccionado. Conclusão: durante a tarde de domingo e a manhã de segunda, o R chuchou algumas vezes, com verdadeiro prazer, pareceu-me, e conseguimos ter momentos inéditos em  que ele estava deitado e eu e a M a contarmos-lhe histórias. A M estava a gostar de poder estar assim a “brincar” com o irmão tão calminho e deitado. Comecei a achar que se calhar ele precisava mesmo e que o fazia feliz. No entanto, sempre que lhe punha a chuchinha na boca, ansiava para que ele a cuspisse, o que comigo ainda aconteceu algumas vezes, pois eu não insistia. Mas, confesso, comecei a imaginar que podia ser uma solução, todos mais serenos, a poder fazer mais coisas em grupo, a poder utilizar no carro quando chora (não gosta, tal como a M!). Mas senti-me sempre estranha, a pôr-lhe a chucha, sentia também que estava a ir por uma solução mais fácil para mim e não melhor para ele. Foi então que ele ficou agitado e tentei dar-lhe maminha e ele não quis! O R quer sempre, mesmo que a seguir se farte logo, mas recebe sempre! Depois quando agarrou parecia que não fazia força suficiente e ficava irritado. E eu, desesperada, imaginei, que o meu amor já não quisesse nada com as minhas mamas. Disse logo, acabaram-se as chuchas. Fui para a sala sozinha com ele e abracei-o e pedi-lhe muito para tentar mais. Ele tentou umas quantas vezes e aquilo não estava a dar e, finalmente, agarrou, mamou, relaxou e adormeceu e eu fiquei muito contente… Esta experiência fez-me ter a certeza que não quero mesmo chucha. O T ficou mais convencido. É provável que daqui a um tempo o tema volte à baila, mas eu não vou esquecer o medo que senti de que ele não mamasse mais, por causa daquele cala-choros irritante, e não vou ceder. Chucha, jamais! E, na verdade, sinto-me mesmo feliz com essa decisão!
Ps- passada uma semana vi-me a reconsiderar. Levei-a (à chucha) para o carro porque ia fazer uma viagem para Tomar com a M, a minha irmã e o meu pai e tive medo que ele ficasse desesperado. Usei só durante 10 minutos e ele ficou logo consolado. E ontem, estava a ter uma manhã difícil, estava com os dois e ele não conseguia adormecer e estava irritado, pus-lhe a chucha e ele ficou muito calminho e acabou por adormecer. Ou seja, sou uma troca-tintas. Mas para me desculpabilizar de me desdizer tão violentamente, assumi que a chucha podia ficar para aqueles momentos em que eu não posso mesmo consolá-lo, como no carro em que eu não posso tirá-lo do ovinho para abraçá-lo (já o fiz, confesso), ou em casa quando estou com os dois quase a endoidecer porque ele está chateado porque não consegue adormecer e a M está chateada porque quer brincar comigo e eu nunca mais estou disponível (sempre será melhor do que chegar ao pico de irritação a que às vezes me sinto chegar e a ser parva para a M, que não merece porque é um docinho, e para o R que também não merece e que de certeza me sente assim ao rubro…). E assim, com estas desculpas, sinto-me menos mal e passo a corrigir: chucha só em situações de emergência! (vamos lá ver se assim se mantém…)
Pps- As maminhas continuam a ser amadas!

QUEM SOMOS NÓS?

Serei a pessoa menos provável a fazer um blog. Nem sei como tal coisa se faz, mas começo agora a escrever com a intenção de criar um. Hei-de aprender, um dia, e talvez aconteça realmente. Quero fazê-lo porque neste momento sinto necessidade de falar, de contar o meu dia-a-dia, os desafios que vou encontrando nesta nova fase da minha vida. Preciso de partilhar. Não ando propriamente em busca de aconselhamento (que se aparecer será bem-vindo), só preciso de cuspir, para tirar o gosto da boca e saborear outro novo acontecimento. Sim, porque esta minha nova vida está cheia de acontecimentos. E tudo são grandes acontecimentos porque estão envolvidas as pessoas que mais amo. Por isso um cocó é um acontecimento, um vómito, um sorriso, uma birra, uma discussão sobre a chucha, momentos de ternura e muito amor, miminhos, xi-xis que saem disparados, bodys sujos, fraldas reutilizáveis, sapinhos, mamilos gretados, hemorróidas, brincadeiras novas e muito mais, tudo são grandes acontecimentos na minha vida. Todos eles dignos de muita importância… para mim, que voltei a viver na redoma do pós-parto desde há 8 semanas.
Há 2 anos e 9 meses comecei esta aventura de ser mãe e agora meti-me noutra: ser mãe de dois. E a minha vida não tem monotonia nem momentos de tédio. É acção, pura acção. Se alguém quer viver sobre constante desafio, sempre alerta, sono leve e pronta a reagir, este é o segredo: a maternidade vivida a full-time, com muita intensidade!
A M tem 2 anos e 10 meses e o R tem 8 semanas. O T tem 32 anos e eu 33. Estas são as personagens principais das minhas histórias. Esta é a introdução. Sinto especial vontade de escrever quando os dias são difíceis, pois ajuda-me a acalmar e a perceber melhor tudo o que aconteceu, por isso não será de espantar que muitos dos meus escritos sejam relatos de uma mulher à beira de um ataque de nervos, ou de uma mulher esmagada pelo enorme poder das hormonas, ou de uma piegas chorona, enfim, tudo bocadinhos de mim, é certo, mas há muito mais…
Isto foi somente a introdução. A cama espera-me e nesta fase da minha vida respeito-a imenso. Sempre que me posso deitar nela e realmente dormir, sinto-me muito agradecida, nem que sejam escassos ou curtos esses momentos. E para estar aqui nestas conversas estou a adiar o meu encontro com ela. Vou. Antes que ela mude de ideias e não me queira por lá e toca de acordar os meus lindos rebentos. Bons sonhos.

EU QUERIA SER UMA SUPER MÃE...

…mas não sou. E é essa frustração que me dá alento a escrever, como se fosse uma terapia. No entanto esforço-me todos os dias. Nalguns estou mais perto, noutros estou a léguas de distância, mas tento, todos os dias tento. E o que é isso de ser uma super mãe. Pois cada um há-de ter a sua própria definição. A minha não é uma mãe que se orgulha dos filhos terem o rabinho sempre seco e nunca terem feito uma assadura, que tem sempre a casa impecável para as crianças não porem as mãos na porcaria, cujo os filhos nunca têm uma nódoa e andam sempre bem vestidos e em que o banho diário é inquestionável. Não, não é destas que eu ambiciono ser e não porque esses não sejam, a meu ver, bons atributos numa mãe. Simplesmente não sou assim e não fico frustrada com isso. A minha super-mãe é uma mãe com muita paciência sempre disponível para os filhos, que nunca se irrita, que sabe ser assertiva quando é necessário sem se exaltar, e que, e isto sim é para mim muito importante, respeita os filhos tentando não condicioná-los nem moldá-los, e que faz com que estes sintam que o seu amor é incondicional. É uma mãe que não se deixa influenciar por comentários alheios e não fica abalada com críticas à sua conduta. É uma mãe que confia na natureza e no corpo dos seus filhos e que sabe que estes têm capacidade para se curarem sem terem de se intoxicar com medicamentos e que consegue superar as pressões alheias quanto a este tipo de decisões. Já agora pode ser uma eco-mãe e, se não for pedir muito, uma bio-mãe. Fácil? Nem por isso, mas vale a pena tentar, porque desde que sou mãe descobri que eles nos podem fazer melhores pessoas, só temos de tentar. E por eles vale o esforço. E por nós também…