segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Feliz 2013!!

Com muita saúde, paz, muito amor, uns euros para ajudar e muitos beijos dos nossos filhos!!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Esta dor que me deu...

Hoje estou melodramática. Se tivesse o período (não o tenho desde que engravidei do R) de certeza que estaria naqueles dias que o antecedem. Sinto-me naquele dia do mês em que os nervos estão à flor da pele, em que estou profunda até às raízes.
Os meus filhos são maravilhosos. Disso não tenho dúvida nunca. Quero ser sempre ser melhor, por eles e por mim. Tenho aprendido muito sobre mim, ao ver o meu comportamento com eles. E tenho muito por aprender, muitas perguntas sem resposta. Cada dia descubro mais um bocadinho. E nem sempre o que vejo me agrada. Então tento aceitar e é tão difícil. E tentar aceitar não é desistir de ser melhor. Não! É só o primeiro passo para ser mais feliz. Hoje senti o bicho que vive dentro de mim a sair por causa de um gancho. Não propriamente por causa dele, mas porque a M chorou bem alto e desconsoladamente porque não gostava de se ver com ele. Atrasadas, mesmo muito, senti o bicho, mas não quero que ele apareça assim à frente deles, porque sei que é assustador. Eu só queria pôr o gancho porque tinha de pôr creme no olho dela e não queria pôr na franja, era tão simples... mas ela não se sentia bonita com ele, apesar de ter andado com ele toda a semana. Mas hoje não... E tem direito. Quantas vezes a roupa de que gosto tanto me faz sentir mal, sabe-se lá porquê. Mas eu também tenho direito de dizer que tem de ser, e que vai ter de o levar, para eu tratar da ferida. E posso dizê-lo convicta, segura, sem me exaltar. Mas isso só pode acontecer nos outros dias, neste dia do mês, em que o bicho anda à espreita, isso, que é aparentemente tão simples, não é nada fácil de fazer. Sinto o bicho e quero fugir e escondê-lo, mas ele quer mesmo sair. Mordo almofadas às escondidas (um truque de outra mãe, porque da última vez dei um pontapé na parede, também às escondidas, e acho que parti o dedo), ando de um lado para o outro furiosa, até que o bicho toma-me em gestos e em frases descontroladas: - "tira o gancho, assim já não tens porquê berrar... pára, por favor, por amor de Deus, eu não consigo ouvir mais... se não queres que eu cuide da tua ferida eu não cuido, é um problema teu, usaste o gancho todos os dias e fica-te bem, ficas linda de qualquer maneira... mas pára que eu fico doida". Claro que isto é acompanhado de uma voz desaustinada e um gesticular nervoso assustador. Claro que ninguém consegue parar e acalmar-se diante do monstro. Cabe-me a mim contê-lo. E finalmente controlo-o. Dou um abraço e um beijo e peço desculpa por ter gritado e ficado tão "doida" e logo a tempestade acaba...
Este bicho vive em mim, é verdade! Mas quero conhecê-lo melhor, quero ser amiga dele e quero que ele seja meu amigo e quero deixá-lo sair de mim para que se possa divertir, mas quero que encontremos os momentos certos. Quero ouvi-lo e saber de onde vem para melhor aceitá-lo. Quero que ele se canse enquanto corro, danço, grito no alto de um penhasco, qualquer coisa, para que não apareça aos meus filhos, porque ele mete medo. E eu gostava tanto que os meus filhos lidassem com os bichos que moram dentro deles de uma forma mais natural... tenho de aprender para que eles possam ver que é possível!
E depois, quando descarreguei toda a minha energia negativa sobre a forma daquele monstro, sinto-me leve e vazia e ouço uma música na rádio que me arrepia, uma voz que faz chorar e sinto toda esta dor que me deu... mas não é mau ter esta sensação, é libertadora...

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Porque devem os pais pôr os filhos a chorar? by Gordon Neufeld


"A ideia de fazer tudo para que os filhos sejam felizes, evitando que chorem, está ultrapassada. A teoria de disciplinar sem que a criança chore está desactualizada, diz Gordon Neufeld, psicólogo clínico canadiano que esteve em Portugal no final da semana.


“As crianças precisam da tristeza, da tragédia para crescerem. Precisam de ter as suas lágrimas”, defende. Nos primeiros meses e anos de vida, o “não” dito pelos pais ajuda a disciplinar, em vez de estragar a criança. “Estamos a perder isso na nossa sociedade, não admira que as crianças estejam estragadas com mimos. Afinal, elas são sempre as vencedoras”, continua o investigador que esteve em Lisboa a convite da empresa BeFamily, do Fórum Europeu das Mulheres, da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas e da Associação Portuguesa de Imprensa.
Na conferência sob o lema “Vínculos Fortes, Filhos Felizes”, Neufeld defende que só se atinge o bem-estar através da educação e que esta deve estar a cargo das famílias e não do Estado. E para garantir o bem-estar de qualquer ser humano ou sociedade é necessário preencher seis necessidades.
A primeira é o “aprender a crescer” e para isso há que chorar, é preciso que a criança seja confrontada, que viva conflitos, de maneira a amadurecer, a tornar-se resiliente, a saber viver em sociedade.
A segunda necessidade é a de a criança criar vínculos profundos com os adultos, estabelecer relações fortes. Como é que se faz? “Ganhando o coração dos filhos. É preciso amarmos e eles amarem-nos. Temos de ter o seu coração, mas perdemos essa noção”, lamenta o especialista que conta que, quando lhe entram na consulta pais preocupados com o comportamento violento dos filhos, a primeira pergunta que faz é: “Tem o coração do seu filho?”, uma questão que poucos compreendem, confidencia.
E dá um exemplo: Qual é a principal preocupação dos pais quanto à escola? Não é saber qual a formação do professor ou se este é competente. O que os pais querem saber é se a criança gosta do docente e vice-versa. “E esta relação permite prever o sucesso académico da criança”, sublinha Neufeld, reforçando a importância de “estabelecer ligações”.
E esta ligação deve ser contínua – a terceira necessidade –, de maneira a evitar problemas. Neufeld recorda que o maior medo das crianças é o da separação. Quando estão longe dos pais, as crianças começam a ficar ansiosas e esse sentimento pode crescer com elas, daí a permanente procura de contacto, por exemplo, entre os adolescentes com as mensagens enviadas por telemóvel ou nas redes sociais, muitas vezes, ligando-se a pessoas que nem conhecem, alerta o especialista.
O canadiano recomenda que os pais estabeleçam pontes com os seus filhos. Quando a hora da separação se aproxima, há que assegurar que o reencontro vai acontecer. Antes de sair da escola, dizer “até logo”; à hora de deitar, prometer “vou sonhar contigo”.  
Mas a separação não é só física, há palavras que separam como “tu és a minha morte” ou “tu és a minha vergonha”. Mesmo quando há problemas graves para resolver, a frase “não te preocupes, serei sempre teu pai” ajuda a lembrar que a relação entre pai e filho é mais importante do que o problema. Hold on to your kids é o nome do livro que escreveu e onde defende esta teoria.

A importância de brincar

A quarta necessidade a ter em conta para garantir o bem-estar dos filhos é a necessidade de descansar. Cabe aos adultos providenciar o descanso e este passa por os pais serem pessoas seguras e que assegurem a relação com os filhos.
As crianças precisam que os pais assumam a responsabilidade da relação, que mantenham e alimentem a relação, de modo a que elas possam descansar e, nesse período, desenvolver outras competências. Uma criança que está ansiosa pela atenção dos pais não está atenta na escola, por exemplo.
Brincar é a quinta necessidade a suprir. Não há mamífero que não brinque e é nesse contexto que se desenvolve, aponta Neufeld. E brincar não é estar à frente de uma consola ou de um computador; é “movimentar-se livremente num espaço limitado”, não é algo que se aprenda ou que se ensine. E, neste ponto, Neufeld critica o facto de as crianças irem cada vez mais cedo para a escola, o que não promove o desenvolvimento da brincadeira. “Os ecrãs estão a sufocar a brincadeira e as crianças não têm tempo suficiente para brincarem”, nota o psicólogo clínico que, nas últimas semanas, fez um périplo por vários países europeus, tendo sido ouvido no Parlamento Europeu, em Bruxelas sobre “qualidade na infância”.
Por fim, a sexta necessidade é a de ter capacidade de sentir as emoções, de ter um “coração sensível”. “Estamos tão focados em questões de comportamento, de aprendizagem, de educação; em definir o que são traumas; que nos esquecemos do que são os sentimentos. As crianças estão a perder os sentimentos quando dizem ‘não quero saber’, ‘isso não me interessa’, estão a perder os seus corações sensíveis”, diz Neufeld.
Em resumo, é necessário que os pais criem uma forte relação emocional com os filhos, de maneira a que estes sejam saudáveis. Os pais são os primeiros e são insubstituíveis na educação dos filhos e são eles que devem ser responsáveis pelo seu desenvolvimento integral e felicidade. Se assim for, estarão também a contribuir para o bem-estar da sociedade."
Texto retirado de http://lifestyle.publico.pt

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

PROCURA-SE: super mãe frustrada procura super filhos... para frustrar

Eu, como super mãe frustrada e assumida, que adoro ser mãe e sou mais feliz do que nunca desde que o sou e quero ter mais filhos (embora não me dêem conversa), procuro filhos maravilhosos e imperfeitos e peço-lhes, profundamente, talvez porque me foi inculcado um certo grau de que nada que faça de espectacular seja espectacular o suficiente, que amem os seus defeitos e se riam deles (eu aprendi tão tarde...) para que os assumam e não os escondam num canto da alma, para fingirem que são perfeitos.

Eu, que lhes peço interiormente isso, sou por vezes tão exigente e parece que me esqueço deste pedido tão importante. Porque às vezes dá jeito exigir, especialmente com os filhos mais velhos: "- Preciso que me ajudes"; "Assim não me estás a ajudar"; "Porque é que nunca estás satisfeita?"; "É difícil agradar-te, nada te serve!"; "Não faças isso, porque o mano imita-te"; e outras que tal.

Muitas vezes digo estas barbaridades e mais tarde peço desculpa e digo que não tinha razão. Mas lá vão ficando as résteas destes pedidos e destas exigências e destes comentários pouco tolerantes com o estado de ânimo de cada um (que tão difícil de respeitar é, por vezes), porque ainda que não queira realmente que o sejam, às vezes dava tanto jeito que fossem... PERFEITOS.

Vergonha

"Nunca tenhas vergonha de sentir medo ao pé de mim. Ao pé de mim, podes sentir tudo o que sentires, podes dizer-me o que souberes e quiseres, e pedir-me o que precisares. Se tiveres vergonha fazes de mim um pai horrível e matas-me um bocadinho." (em "O Filho de Mil Homens" de Valter Hugo Mãe)

Adorei estas palavras e sinto-as como minhas. O que não quer dizer que por duas ou três vezes, quando me saltou a tampa, não tenha dito enfurecida à minha querida M, quando ela fazia uma birra gigante em público: -"Não tens vergonha? Que vergonha, uma birra destas no meio da rua. Uma birra como se fosses um bebé".

Eu tenho vergonha de já ter dito coisas destas e outras do mesmo calibre e talvez pior. Fico contente que não seja "o prato da casa", mas quando se me revolta a cabeça e o espírito saem da minha boca coisas em que não acredito e que parecem umas facas, a tentar magoar. Que coisa tão estranha... querermos magoar quem amamos mais do que o mundo. Há coisas que nunca vou entender. Vou aceitando. Mas tenho sempre aquela esperança de aprender a ser melhor...

As coisas que a M diz...

A M diz e faz cada coisa mais gira... às vezes fico doida de felicidade e de riso ou simplesmente emocionada com as coisas que lhe saem de dentro e gostava de ser um gravador... mas não sou. Esqueço-me de imensas coisas, mas algumas lembro-me...

M- Mãe, a minha alma gémea é a A. Sabes porquê? Porque nós somos iguais. Ela, quando acorda tem remelas e eu também.

No outro dia a M desenhou uma porta numa folha e disse-me:
- Deste lado é a porta da casa, do outro lado da folha vou desenhar a parte de dentro da casa.

A M disse-me sobre a amiga S:
- Sabes, mãe, quando eu tiver um pintinho eu vou emprestá-lo à S para ela aprender a emprestar e ver se perde essa mania de não querer emprestar nada a mim e ao mano.

Sabes mãe, quando eu me casar com a A vamos todas nuas só com um véu e depois cantamos: "Toda nua só com um véu, só com um véu!"

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Conversa em dia


Não escrevo há tanto!!!
O principal motivo é porque tenho estado com os meus dois garotos desde 1 de Junho e por isso já não posso aproveitar as sestas do pequeno R para escrever, porque tenho a minha M à espera do momento só dela!
Mesmo não escrevendo, vão ocorrendo coisas/pensamentos que penso escrever, por isso vou fazer uma espécie de apanhado desses momentos, pelo menos de alguns que me recordo agora.
  • Fora de mim- tive um daqueles episódios em que soltei o bicho mau dentro de mim. Foi em Maio. Fui levar a minha M à escola e ela não quis ficar. Não estava lá a professora preferida, só estava a outra, mas ela não me disse que era por isso, mas eu sei… em todo ano aconteceu esta situação 3 vezes e em nenhuma estava A professora. Expliquei-lhe que se ela não quisesse ir devia ter dito em casa, e assim não viria à escola, mas agora já lá estávamos, por isso era para ela ficar na escola. Ela agarrou-se a mim como uma lapa e não me deixava ir embora. Eu dei-lhe tempo, esperei, dei uma volta pela escola com ela e com o mano, mas depois cometi uma das asneiras, disse-lhe que, como tínhamos combinado, depois da escola iriamos à praia, mas para isso acontecer ela teria de ir à escola (como se fosse um prémio!!! Acho muito foleiro fazer esta manipulação, mas saiu-me). Então ela entrou num conflito interno: queria ir à escola para ir à praia, mas não conseguia ir à escola. Eu podia ter acabado com aquele sofrimento dizendo: “não te preocupes, não vamos à escola, mas vamos à praia à mesma”, mas não disse. Estava irritada por termos feito a viagem em vão, por ter os meus planos alterados (limpeza da casa-de-banho, quem sabe, mas às vezes custa-me mudar o plano que imaginei para o meu dia… a M também é assim…). Podia ter ido embora, sabendo que ela choraria um minuto e ficaria bem. Aconteceu uma vez, em que eu tinha mesmo de ensaiar e deixei-a, com o coração partido, e depois ela disse-me, e a professora também, que tinha passado logo. Mas desta vez eu não tinha trabalho obrigatório, por isso a minha culpa em deixá-la assim era maior, não tinha desculpa… Bom, aquilo chegou a um momento em que eu disse “vamos para casa”. Ela aí já estava descontrolada a gritar e a dizer que não queria. Tentei dar-lhe a mão, não quis. Como um furacão agarrei-a ao colo, o pequeno R, vendo o furacão, começou a chorar, ela também. Saí com os dois ao colo aos berros, sentei-os nas cadeiras, liguei o carro, em furiosos e comecei a desbobinar tresloucada: o que era aquilo, uma birra daquelas, aos berros na escola, agora não havia praia para ninguém, que ela parecia um bebé, que se aquilo acontecesse mais não voltávamos à escola (este ano a M só frequentou porque quis, regularmente perguntava-lhe se queria deixar de ir, mas ela queria continuar por causa dos amigos, naquela modalidade das 3 manhãs, para não enjoar) … enfim, estas coisas horrorosas que se dizem só para magoar. Bem no auge deste discurso caiu-me a ficha e calei-me. Percebi que a estava a magoar de propósito, que estava a ser má. Senti-me a pior mãe do mundo. Fomos caladas até casa e quando chegámos e ela saiu do carro abraçámo-nos e chorámos. Pedi-lhe perdão por a ter colocado naquele conflito, mas pedi-lhe para ela me avisar em casa quando não quer ir, porque a não ser que eu tenha mesmo de trabalhar, eu fico com ela. Enfim, foi mais um dos meus maus momentos, em que revelei o meu dark side
  • Culpa- dei-me conta que isto é, mais do que tudo, o blog da culpa. Ou seja. Aqui venho drenar alguma da culpa que sinto. Mas é só alguma, porque eu sinto culpa por tudo e não sei porquê. Sinto culpa se me zango com os meus filhos. Sinto culpa se me zango com os meus pais e digo o que sinto. Culpa porque não trabalho e o T trabalha. Culpa quando trabalho e deixo os meus garotos sem mãe. Culpa quando o T fica sozinho com os nossos filhos e eu tento trabalhar. Culpa se tento fazer qualquer coisa sozinha que só me dá prazer e não dá dinheiro. Culpa por ter vontade de trabalhar. Culpa por ter vontade de ficar com os meus filhos sempre em casa. Culpa por ser feliz com a minha vida sem grandes ambições profissionais. Culpa se tenho ambições. Culpa de não ter tempo para o T. Culpa por estar feliz, a brincar, a passear com os meus filhos enquanto o T trabalha. Culpa, culpa, culpa e mais mil culpas que não me lembro. E agora? Agora estou farta de sentir culpa e quero encontrar-me a mim longe desta carga tão pesada que nem me deixa ver o que realmente eu quero!
  • Férias- que bom! Viajámos na nossa carrinha durante 19 dias, fizemos mais de 3000 km e estivemos os 4. Às vezes só os 4, às vezes os 4 com amigos, mas sempre os 4. E adoro este conjunto que formamos, esta união, este seio familiar. Adoro ter o T por perto ao pé de mim e dos garotos, sem ter de ir trabalhar e sem voltar do trabalho. Adoro o cansaço bom das férias, um cansaço puro, de noites desconfortáveis e dias gigantes com coisas novas e espaço por estrear. Adoro os nossos conflitos: norte ou sul, mais 20 ou 50 km, cidade ou campo? Às vezes discutimos ou refilamos, mas passa a correr, no quilómetro a seguir já olhamos pela janela muito atentos, ou gritamos de alegria porque já estacionámos e encontrámos um poiso belo onde dormir. Esta descoberta do mundo é também uma descoberta interior. Conhecemo-nos melhor. E naqueles momentos em que fui só co-piloto, sem dar mamas em andamento, nem fazer sandes e procurar bolachas no armário enquanto a carrinha me sacode e me faz sentir toda mareada, nesses momentos de silêncio em que não cochilei e vi o mundo a correr na minha janela, pensei e ouvi-me… foi bom.
  • Fraldas- o pequeno R largou as fraldas. Tem 22 meses e diz quando quer fazer xi-xi “tchi-tchi”. Se estiver na rua e despido, nem pergunta, faz. O có-có é mais difícil, mas está a correr cada vez melhor (já fez um no chão de um restaurante e foi parar em cima do pé de uma pessoa…). À noite não tem feito e quando acorda pede para fazer… enfim, estou surpreendida, está a ser muito despachado e está muito contente com isso, acho eu! E eu também, pois gosto de ver aquele rabinho nu e aquela piloca a passearem ao pé de mim, sem o calhamaço da fralda. E depois está tão lindo, de boxers (as mais pequenas que encontrei no mercado), morenaço e com os seus caracóis de ouro!
  • Crescer- a minha M está maior. Está muito linda, mesmo! Mas está mais crescida e mais independente. Eu sei que é bom, mas o meu coração amedronta-se. Agora anda muito meiga para o pai e no outro dia quis que ele se agarrasse a ela para dormir… e não eu, como sempre!!! Eu tento que não se veja o ciúme. E fico feliz pela relação deles e por sentir que ela já não está tão dependente de mim, mas o meu coraçãozinho ciumento sente-se. E assombra-me a questão: é crescimento ou resultado de menor atenção, pois o R está na fase em que me quer a mim para tudo? Pois que não sei… só sei que quando ela se agarra ao meu pescoço para dormir eu delicio-me e penso: aproveita bem…


E para já, é tudo…

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Pedido de desculpas

Eu comecei a escrever neste blog para aprender a lidar melhor com a culpa que sentia e sinto relativamente a comportamentos meus no relacionamento com os meus filhos.No início da maternidade a dobrar foi quando senti mais culpa por não conseguir dar tanto aos dois como queria, por ter de dividir-me. Não foi só a M que teve de aprender a fazê-lo, eu também e acho que nos custou às duas. Antes do R nascer, eu tinha receio de não o poder amar tanto como à M, hoje sei que é possível, mal saiu de mim, fez aquele beicinho de sentido que ele tem e apaixonei-me. O que mais me custou foi perceber que a minha paciência tinha diminuido, especialmente com a M, que já era crescida (coitadinha, tinha apenas 2 anos e 8 meses, mas parecia-me tão grande...). Quando o R nasceu, dei muita atenção à M, tentava dar de mamar a brincar, brinquei com os pontos do parto ainda a fazerem doer, cheguei a ir ao parque com ela, na primeira semana, e deixei o R em casa com o pai (ele estava a dormir). Queria estar presente na vida dos dois a todos os momentos. Claro que me dei conta que era impossível e comecei a tentar que cada um tivesse direito aos seus momentos, o R também precisava dos momentos dele. A M não gostou e eu nem sempre tive a paciência que gostaria de ter tido. Ela por vezes chorava, andava agarrada às minhas pernas, perseguia-me, gritava. Eram momentos breves ao longo dia dia, mas quando surgiam, abalavam-nos a todos. Acho que eu e o T podiamos ter lidado melhor com isso. Acho que tivemos medo e pressa que as coisas voltassem ao normal. Acho que foi nesta fase que me enfureci mais vezes com a M, que a agarrei algumas vezes com força para que ela fizesse o que eu queria (como por exemplo, deitar-se para dormir, ou não fazer barulho para não acordar o mano, etc). Agora que o R já tem ano e meio tudo isso me parece tão exagerado e pouco compreensivo. Sempre soube pedir-lhe desculpa após esses "piores momentos", mas seria melhor que não tivessem acontecido. Ou não... fez parte da minha aprendizagem. A verdade é que o cansaço não ajuda. Noites mal dormidas dão mães mais irritáveis e à flor da pele e nesse estado nem sempre é possível encontrar boas soluções para os conflitos. Às vezes só queremos acabar com eles "imediatamente" para a nossa cabeça acalmar. Mas "imediatamente" é uma palavra que não serve as crianças, pelo menos as minhas, que têm um tempo e um ritmo só delas e que se precisam gritar, precisam, não vão deixar de o fazer porque não dá jeito, para isso já cá estamos nós, os crescidos, constantemente a engolir emoções. E todas estas emoções expostas, por vezes, não são fáceis de aguentar, especialmente para o T. E o casal ressente-se porque há tanto em se discorda para além do amor. Há uns tempos li uma frase de uma amiga que dizia mais ou menos isto: o que mais nos repugna nos outros existe em nós, por isso nos "choca" tanto. E aquilo encaixou-me na perfeição. O que mais me custa no convívio com o T é a sua falta de paciência, sobretudo para "ouvir" emoções descontroladas. Eu, por vezes, também sinto essa impaciência, essa irritabilidade e odeio sentir isso em mim. E quando o vejo no T, vejo-o em mim, funciona como um espelho. Mas sei que é possível melhorar. Passado um ano e meio sinto-me mais calma, mais paciente. Sei que os meus filhos me têm ensinado muito e acho que esta vida mais próxima da natureza e mais longe do stress também tem ajudado. Por isso sinto-me feliz de saber que não somos seres imutáveis e que podemos evoluir e superar-nos. Acho que a M e o R valem todo o esforço e eu e o T também. Por isso, no outro dia, disse à M que achava que devia ter tido mais paciência com ela, depois do R ter nascido. E que também gostava de não lhe ter impingido comida quando ela não queria. E que gostava mesmo muito de não a ter tentado ensinar a dormir sozinha na caminha dela quando ela tinha 9 meses (na melhor das intenções, porque ela ía para a escola e eu não queria que ela sentisse tanto a falta das minha mamocas e colo, pois sabia que lá não seria assim. O que eu não sabia é que eles se adaptam a cada situação e que era escusado tê-la feito sofrer eu...). Expliquei-lhe que ela tinha sido a minha primeira, que teve todos os mimos, brincadeiras e atenção do mundo, mas que também foi a minha/nossa cobaia. E pedi-lhe desculpa por esses piores momentos. E a M respondeu-me: "- Vocês estavam a crescer.". E nem mais, estávamos e estamos. E daqui a uns anos vou pensar mal de coisas que faço hoje, com certeza. Mas espero, pelo menos, ter aprendido uma coisa: a não deixar o medo calar a voz do meu coração. Porque o medo anda em todo o lado: dentro de nós, nos palpites dos familiares, amigos e estranhos que gostam de "minar" o medo por aí, sem más intenções, claro, mas porque também não sabem o que fazer com ele...

Conversas...

Eu estava aos pulos e a dançar e a M olhava-me fixamente, quase sem expressão. E perguntei-lhe: - A mãe é muito maluca, não é filha?/ (silêncio)/ - Gostas que a mãe dance? / M- Não./ - E que a mãe cante?/ M- Não. / - Como é que gostavas que a mamã fosse?/ (silêncio...) M- Como tu és.

Eu- Gostas das minhas maminhas?
R- (ri-se todo e diz que sim)
Eu- Gostas do meu cabelo?
R- (ri-se todo e diz que sim)
(o R adora mexer-me no cabelo, enrola-o nos dedos quando está a mamar ou quando está simplesmente ao colo, às vezes agarra-me os cabelos a dormir na cama e acorda-me com beijos na boca... é tão sexy!)

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

E a vida muda...

“Filho é um ser que nos foi emprestado para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo ! Ser pai ou mãe é o maior acto de coragem que alguém pode ter, porque é expor-se a todo o tipo de dor, principalmente o da incerteza de estar a agir correctamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo”.

José Saramago


ps- a minha nova amiga, a I., enviou-me e eu identifiquei-me...

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Fases

Noto que de vez em quando surge uma fase difícil com cada um dos meus bebés. Por exemplo, com a M, ela chora imenso e grita quando a vida não lhe corre como quer. O R fica irritado e refilão, quando saio do horizonte dele grita e chora como se não houvesse amanhã. Nesses dias pensamos: "filhos, voltem, por favor, tenho saudades que seja fácil e bom... vocês são tão fofinhos, onde é que vocês estão?". Por sua vez, nós ficamos insuportáveis, chatos e com menos paciência. E quando passam essas fases dizemos: "voltaste... que bom!!!" e também nós voltamos a nós. É precisamente nessas fases que gostava de ter mais paciência, pois quando as pessoas estão em baixo é quando precisam mais de nós... assim será com os nossos filhos. Mas não é fácil. Primeiro porque nasce um medo no meu peito que diz: "e se isto não é uma fase, mas uma mudança... permanente!?". E depois, nem sempre é fácil ouvir e aceitar o sofrimento dos outros, os gritos, o choro... custa ouvir, um bocadito aceita-se, mas quando começa a entrar nas profundezas do nosso cérebro o stress familiar instala-se. Normalmente, nesses momentos, eu e o T discordamos dos métodos e também começamos a discutir e há breves segundos em que me apetece dar um mergulho e não ouvir nada... Mas não há nada a temer, eles voltam sempre e nós também. Confiando nisso é tudo mais fácil... ou pelo menos devia ser!

Mamocas

- Mãe, não achas que as minhas mamocas estão maiores?
- ...Não sei, o que é que tu achas, filha?
- Acho que sim.
- Gostavas de ter as mamocas grandes?
- Sim.
- Como é que gostavas que elas fossem?
- Não sei... como as da mãe da A (a amiga do coração)....

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Mãe ou filha?

Hoje pus um lenço, porque o casaco de malha me pica um pouco o pescoço e a M disse-me: "- Pareces uma mãe!". E eu perguntei-lhe o que é que pareço normalmente e ela respondeu: "- Uma filha!". És mesmo gira M!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Um sorriso que enche uma cara

A minha linda M fez 4 anos. Acordou com um grande sorriso: "Hoje fazes anos, filha!". Ela sabia. Contava os dias há já algum tempo e todos os dias perguntava "é hoje?". E finalmente chegou o dia. Vestiu-se toda contente, com a camisola da Miffy que comprámos na feira da ladra daqui do sítio e que custou 50 cêntimos, mas que ela adorou e guardou para o dia de anos... ficou linda, claro! Tomou o pequeno-almoço, numa cadeira enfeitada com flores (azedas, que ela tanto gosta!) foi para a escola, sempre com aquele sorriso. Queria muito fazer a festa de anos na escola. Quando a deixei, os amigos já sabiam "hoje a Maria faz anos", e ela iluminava-se de felicidade. A seguir ao almoço eu e o R fomos à festa da escola. Duas amigas, o sol e a lua, puseram-lhe uma capa e uma coroa e sentaram-na numa cadeira decorada com um lenço. Ela não tirou nunca aquele sorriso maravilhoso da cara, a disfrutar cada instante (ela já tinha ensaiado esta festa muitas vezes com os seus bonecos e com os pais a fazer de colegas). A professora contou uma história linda em que falava do nascimento da Maria na nossa família como um anjo que vinha à terra e nos escolhia para a receber e amar. Depois contou coisas sobre os quatro anos dela (que tinha previamente perguntado aos pais), à medida que acendia as quatro velas. Quando terminou a história, cantaram-se os parabéns (mais umas músicas da escola) e comeu-se o bolo (que ficou bem pequeno, mas que foi feito com muito carinho pela M, por mim, pelo pai e, claro sempre com a presença do R). Percebi porque é que ela quis tanto esta festa, fizeram-na mesmo sentir especial... Depois fomos para casa, preparámos as coisas e abalámos para Lisboa, os quatro. Nem as horas de viagem lhe fizeram esmorecer a felicidade. Quando chegámos, os avós, os primos, os tios fizeram-lhe uma grande festa, deram-lhe presentes. Jantou-se, sopraram-se mais umas velas, e conversou-se e ela por lá andava a sorrir. Deitou-se tarde, já depois da meia-noite. E só chorou quando viu que não tinhamos levado o "andanças" para dormir... a mãe esqueceu-se, lembrou-se da Inês e da tartaruga, mas o "andanças"... mas perdoou-me e adormeceu... quando se deitou fiquei a pensar se ela se tinha continuado a sentir especial durante todo o dia, fiquei um bocadito com a sensação de que podíamos ter feito mais festa, que lhe podiamos ter dado mais atenção à noite... mas o T disse: "oh 'mor, dorme" e eu dormi! E ela prolongou o seu sorriso pelo dia seguinte em que teve uma grande festa de anos cheia de amigos e a presença da sua amiga do coração, a Alicinha... e o presente preferido foi... um par de sapatos altos! Haviam de ver o sorriso quando os calçou... não cabia na cara!