segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A CRISE DA CHUCHA

Nunca quis que os meus filhos usassem chucha. Há mães que acham que lhes fica muito bem, eu gosto mais de lhes ver a boquinha e, além disso, sempre me pareceu que a chucha era para os pais que já não aguentavam mais ouvir os filhos a chorar. Depois de ter tido a M soube que a chucha podia interferir na amamentação e ainda fiquei com menos vontade de lhe dar chucha. Houve uma altura por volta das 3 ou 4 semanas em que a vimos mais agitada e com dores (pareciam-nos as ditas cólicas, mas nunca sabemos…) e experimentámos um pouco a medo e, felizmente, ela nunca gostou e cuspia sempre, o que me deixou sempre muito feliz, porque sempre senti que a chucha era um substituto da mãe e das suas maminhas e como eu estava ali, qual era a necessidade de me trocarem? Mas, enfim, quando vemos o nosso bebé a chorar vale tudo (ou quase) e, por isso, experimentámos.
Quando o R nasceu tinha a certeza que não lhe queria dar chucha, sem dúvida alguma. O R, que é mesmo lindo, depois da primeira semana de idade começou a chorar mais, parecia (e parece) que tem bastantes gases e alguma dificuldade em fazer có-có (para além dos sapinhos que o devem irritar bastante). É comum que depois das mamadas fique um pouco mal-disposto e nenhuma posição serve, excepto de barriga para baixo apoiado no braço ou em cadeirinha, a fazer alguma pressão nas pernas contra a barriga, tudo isto, de preferência, em andamento. A maminha resolve muitas desta situações, mas nem sempre, há momentos em que fica pior quando mama e contorce-se com algumas dores. Para além disto, não gosta de ficar deitado (seja em que posição for), prefere estar ao colinho e, por isso, anda muito comigo no pano, para ir fazendo outras coisas, inclusivamente brincar com a M. Estou a ganhar um enorme treino a fazer tudo com ele no pano, faço imensos agachamentos, o que deve ser bom para a coluna e pernas (ainda bem!). Ou seja, é um bebé que não só gosta de contacto (como todos, acredito), mas que faz por ter esse contacto (acho muito bem!). O R, nesta família tem amor garantido, mas quanto à atenção, esta é muito disputada com a M, que adora brincar connosco a full-time, por isso, eu tenho cá uma teoria que ele faz por ter a atenção que merece. A M já sabe queixar-se muito bem e exigir-nos a sua atenção e ele, à sua forma, também! Bem, isto tudo para contextualizar a crise da chucha. O T, por tudo isto, e porque não tem mamas, quer, desde a segunda semana do R, pôr-lhe chucha. Este tema deu pano para muitas discussões, volta não volta o tema vinha à baila e gerou as maiores discussões da era R. Eu não queria por tudo o que acho sobre a chucha, para além de me irritar o facto de criarmos uma dependência no bebé para depois, quando já não dá jeito, nem fica bem, lha tirarmos. Mas tive uma sexta-feira negra. O R chorou imenso tempo, a M fez imensas birras porque queria a minha atenção e eu estava super irritada e a sentir-me incapaz. Quando ele chegou, eu estava esgotada e disse-lhe que quando ele quisesse podia pôr-lhe a chucha. Passou-se um sábado óptimo a passear e o domingo chegou. À hora de almoço o R estava a chorar e o T levantou-se para o consolar. Passado um pouco, aparece o R com a chucha na boca, caladinho e a chuchar intensamente. Até me vieram as lágrimas aos olhos. Eu sempre pensei que ele também a cuspisse como a irmã… que não me trocasse, por aquele bocado de silicone desengraçado. Disse ao T que ele só estava a chuchar porque estava com fome (sem saber se isso era verdade) e começámos uma nova discussão. O T não estava à espera da minha péssima reacção, pois “se eu tinha dito”… claro, às vezes os homens não percebem nada… também tinha dito que se ele gostasse de chuchar eu ia ficar profundamente infeliz e era essa parte que eu gostava que ele tivesse seleccionado. Conclusão: durante a tarde de domingo e a manhã de segunda, o R chuchou algumas vezes, com verdadeiro prazer, pareceu-me, e conseguimos ter momentos inéditos em  que ele estava deitado e eu e a M a contarmos-lhe histórias. A M estava a gostar de poder estar assim a “brincar” com o irmão tão calminho e deitado. Comecei a achar que se calhar ele precisava mesmo e que o fazia feliz. No entanto, sempre que lhe punha a chuchinha na boca, ansiava para que ele a cuspisse, o que comigo ainda aconteceu algumas vezes, pois eu não insistia. Mas, confesso, comecei a imaginar que podia ser uma solução, todos mais serenos, a poder fazer mais coisas em grupo, a poder utilizar no carro quando chora (não gosta, tal como a M!). Mas senti-me sempre estranha, a pôr-lhe a chucha, sentia também que estava a ir por uma solução mais fácil para mim e não melhor para ele. Foi então que ele ficou agitado e tentei dar-lhe maminha e ele não quis! O R quer sempre, mesmo que a seguir se farte logo, mas recebe sempre! Depois quando agarrou parecia que não fazia força suficiente e ficava irritado. E eu, desesperada, imaginei, que o meu amor já não quisesse nada com as minhas mamas. Disse logo, acabaram-se as chuchas. Fui para a sala sozinha com ele e abracei-o e pedi-lhe muito para tentar mais. Ele tentou umas quantas vezes e aquilo não estava a dar e, finalmente, agarrou, mamou, relaxou e adormeceu e eu fiquei muito contente… Esta experiência fez-me ter a certeza que não quero mesmo chucha. O T ficou mais convencido. É provável que daqui a um tempo o tema volte à baila, mas eu não vou esquecer o medo que senti de que ele não mamasse mais, por causa daquele cala-choros irritante, e não vou ceder. Chucha, jamais! E, na verdade, sinto-me mesmo feliz com essa decisão!
Ps- passada uma semana vi-me a reconsiderar. Levei-a (à chucha) para o carro porque ia fazer uma viagem para Tomar com a M, a minha irmã e o meu pai e tive medo que ele ficasse desesperado. Usei só durante 10 minutos e ele ficou logo consolado. E ontem, estava a ter uma manhã difícil, estava com os dois e ele não conseguia adormecer e estava irritado, pus-lhe a chucha e ele ficou muito calminho e acabou por adormecer. Ou seja, sou uma troca-tintas. Mas para me desculpabilizar de me desdizer tão violentamente, assumi que a chucha podia ficar para aqueles momentos em que eu não posso mesmo consolá-lo, como no carro em que eu não posso tirá-lo do ovinho para abraçá-lo (já o fiz, confesso), ou em casa quando estou com os dois quase a endoidecer porque ele está chateado porque não consegue adormecer e a M está chateada porque quer brincar comigo e eu nunca mais estou disponível (sempre será melhor do que chegar ao pico de irritação a que às vezes me sinto chegar e a ser parva para a M, que não merece porque é um docinho, e para o R que também não merece e que de certeza me sente assim ao rubro…). E assim, com estas desculpas, sinto-me menos mal e passo a corrigir: chucha só em situações de emergência! (vamos lá ver se assim se mantém…)
Pps- As maminhas continuam a ser amadas!

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