quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Nós e os bichos

Chegámos cá e eramos 4. Pouco tempo depois a tartaruga do meu querido R (sobrinho) veio para cá viver (a spider-turtle ou patareca) e passámos a 5. Depois apareceu uma cadela. Demos-lhe de comer, não nos largou, adora os miúdos... eu fiquei logo convencida, o T nem por isso, mas acabou por se envolver e adoptámo-la, é a Flor, e ficámos 6. Depois comprámos dois pintos (fêmeas), para um dia virem a pôr ovos, que são a Livro e a Copo, e ficámos 8. Agora temos de dar de comer a todos, mas os bichos comem muito mais rápido que os meus bebés, é muito mais fácil! Todos têm uma casa na rua. A turtle foi para um tanque e a casa do livro e da copo e a casa da Flor foram feitas pelo pai, com o apoio, ajuda e design (palpites) de toda a família, claro! Só passaram 4 meses, se continuamos a crescer a este ritmo...

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Queria ser mosca...

... para ver o que se passa numa escola enorme, cheia de alunos e professores, onde entreguei pela primeira vez o meu R. esta manhã e onde o irei entregar (previsivelmente) nos próximos anos. Não, não é a 1ª classe, é pior do que isso: é o 5º ano, é uma escola nova, são muitas disciplinas, muitos livros, muitos cadernos, é tudo novo. Mas ele lá foi, cheio de energia e vontade. Está tão crescido, o meu filhote. Já não posso ir ver a sala onde ele está, em que sítio se senta, como é a sua relação com os professores, com os auxiliares, com os colegas... acho que estou com a nostalgia do 1º ciclo...

Mas entre as muitas coisas que farei mal, porque não consigo ser uma super mãe, tenho muitas vezes sinais de que, mesmo assim, nem tudo me sai assim tão mal: antes das férias de Verão combinei com o R. que este ano lectivo tiraríamos a televisão do quarto dele. Ele sugeriu que apenas desligássemos os cabos, para não estragar a decoração do quarto (ficava o buraco livre...) e eu aceitei. Ontem à noite, antes de ir para a cama, o R. foi, por sua iniciativa, desligar os cabos da televisão, já que hoje era o 1º dia de aulas. Fiquei orgulhosa do meu filho. É tão lindo!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A M e a escola

Finalmente começou a escola da M. Digo “finalmente” não por estar desejosa, muito pelo contrário, tenho adorado estar com eles os dois juntos, mas sim porque começa uma nova fase. A M está radiante por poder brincar com meninos e porque se sente mais integrada, acho eu, e eu sinto o mesmo, começo a sentir que faço parte de uma coisa exterior à minha casa e que me liga mais com a comunidade.
No primeiro dia fomos os três: eu, a M e o R (o T teve que ficar a trabalhar) e estivemos lá de manhã, almoçámos e viemos embora. Os pais devem ajudar em diversas tarefas e os filhos ou ficam a ajudar-nos ou vão brincar. Assim os pais aproveitam para se conhecerem um bocadinho e os filhos também e enquanto trabalham começam a sentir-se parte daquele espaço. Ao saber onde se guarda a vassoura, sinto-me mais parte da casa.
Hoje, foi o primeiro dia em que a M ficou lá sem nós. Ficámos lá cerca de três quartos de hora com ela e viemos embora. Ela ficou na boa a cortar cenouras para a sopa e a ralar amêndoa para fazerem um bolo no forno de brincar. Como foi o primeiro dia, combinámos ir buscá-la mais cedo e encontrei-a a brincar na areia, a fazer um bolo com um amiguinho novo. Ela ainda não sabe os nomes e eu também não, mas não precisam disso para brincar. Estava contente e ficou feliz de me ver, mas amanhã só quer ir embora quando for a sua amiga M e assim será, antes da sesta. Chegou a casa toda satisfeita e espevitada, acho que está mesmo contente de ver outras pessoas. Aqui ainda não temos mais amigos de que um casal e respectiva filha (que são maravilhosos), por isso a M tem visto sobretudo as visitas que vão e vêm. Acho que lhe está a saber bem ter a possibilidade de fazer novos amigos e de brincar, que é o que ela mais gosta de fazer.
Ontem tivemos a reunião da escola. A M ficou com os nossos amigos daqui e com a sua amiga M (ficou óptima, quando cheguei chorou porque tinha sido muito pouquinho tempo… quase quatro hotras!!!!). O R foi connosco e animou a reunião com a sua linda cara. Com um sonoro pum e com as suas gracinhas naturais. Falaram-se de coisas importantes. A que mais me marcou, e que por isso aqui escrevo, foi sobre o brincar. Como as crianças ao brincarem livremente exploram o mundo, a sua imaginação e criatividade. E que os adultos estão lá somente para apoiar, não para condicionar a brincadeira, e que ao interrompermos o que estão a fazer com aquelas perguntas “o que estás a fazer?” quebramos este estar, pois elas não sabem para onde vão, estão somente a viver o momento presente. Essa interrupção deixa-as normalmente irritadas porque saem desse momento de concentração onde estavam mergulhadas.
Enfim… estou satisfeita. E para além do mais são todos muito queridos e fazem-nos sentir muito bem recebidos. E o melhor é que… a M está muito feliz! Viva!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Dedicado a ti, meu querido R.


O pequeno R tem quase onze meses (faltam quarenta minutos). É muito bonito, pequenino e magrinho. É um pisco a comer. Mama quando tem fome, sono, quando se aleija, quando lhe apetece. Tem o 8º dente a nascer. Anda em pé agarrado a tudo. Não gosta de cair. Gatinha de uma forma muito engraçada, com um pé debaixo do rabo e o outro a pisar o chão. Há cerca de uma semana começou a gatinhar normalmente, mas ainda usa os dois estilos. Já deu passinhos sozinho. Fica em pé sem estar agarrado, apanha objectos do chão e levanta-se. Às vezes cai. Fica feliz, feliz por andar. Gosta de me ter por perto para lhe dar a mão. Adora cócegas e andar nu. É meigo, dá beijinhos ao longe e ri-se. Não lhe ensinei nada porque nunca tive jeito para ensinar gracinhas, por isso estas graças são todas suas. Quando se assusta chora todo junto, com a alma. Facilmente lhe aparecem umas lágrimas cheias, grossas. Tem um sorriso lindo e uma voz grossa, como a mana. Fala muitos dadas e tatas e quando não gosta refila nesta língua. Diz mamã, papá, nana (mana) e ouá (olá). É um amor. Estou apaixonadíssima. Quando engravidei dele tive muito medo de não o amar como amava a M, parecia-me difícil amar assim tanto mais alguém. Mas é tão fácil. Que bom!

Entre visitas

Anda realmente complicado escrever. Agora estou na sesta dos meus bebés e entre visitas, por isso apresso-me a escrever, porque se não aproveito, só para a semana. E tanto para contar… começo pelas… "férias das férias".
Eu e os meus dois rebentos abalámos do sul, sem o pai, que teve que ficar a trabalhar, e fomos para o Norte, trás-os-montes, para a terra da minha avó e da minha mãe. Para tal, fizemos uma pausa de uma noite na casa da titi e aproveitámos para ver amigos de Lisboa (encontrámo-nos na Gulbenkian. Não foi muito combinado, por isso adorei, parecia a minha festa de anos) e depois fomos todos juntos (nós, os titios e os primos) para a “terra”. A viagem Lisboa-Peleias pareceu uma odisseia. Saímos tardíssimo, porque da casa da minha mana sai-se sempre tarde, e depois as pausas para o R e a M arejarem. A M já se aguenta muito bem, mas o R não gosta nada. Então, quando ele se chateia faço uma pausa de pelo menos uma hora e meia para comer, brincar, esquecer o carro e depois retoma-se a viagem. Claro que isto para mim não é difícil, vou ao ritmo deles e já está. Fico aflita quando o R chora muito e não posso parar. Quando dormem acelero. Mas a família dos tios e primos apanha uma grande seca. Mas chegámos, por volta das duas da manhã, até já me doía a cabeça de ir tão concentrada a conduzir à noite naquela estrada-serpente interminável.
Estivémos uns dias em que nos banhámos no rio, em que a M e o R aproveitaram os miminhos dos primos e dos tios e em que eu também pude aproveitar os meus queridos sobrinhos. Depois eu e os meus filhotes fomos para o Andanças, onde nos íamos encontrar com a grande amiga da M, a A e respectiva família. Mas… quando estamos mesmo a chegar, recebemos a notícia de que a carrinha deles avariou e que não sabem quando, ou mesmo se, vão conseguir chegar. A M aguentou-se bem à notícia. Estavam os dois contentes, o R e a M, de estarmos ali os três a relaxar, naquele ambiente salpicado de músicos e pessoas a pastar na relva.
Montámos a nossa tenda, passeámos, jantámos e dormimos os três. Foi na tenda à noite, antes de dormir, que tive uma zanga com a M, que foi o único ponto baixo desta aventura a três. Ela estava um bocadito provocadora, não me dava a lanterna, e o R já dormia. Eu, apesar de querer estar forte e calma, estava um bocadinho ansiosa com a nossa primeira dormida na tenda com o pequeno R e sem o pai. De repente, quando olho para ela, está em cima do mano (que dormia sem reparar). Senti aquela violência que de vez em quando dispara no meu interior, peguei nela e pu-la no outro lado da tenda e comecei a ralhar. Passou. A seguir olho (porque estava escuro como o breu e só de vez em quando, com o frontal, é que conseguia ver o que se passava na tenda) e está novamente em cima dele. Eu não queria acreditar, senti a ira a chegar outra vez, peguei nela, quase que voou, enfiei-a dentro do saco-cama, dei-lhe uma seca furiosa e susurrante (para não acordar o R) sobre como confiava nela e que assim já não o podia fazer mais, como é que ela era capaz de fazer uma coisa destas, que eu estavamuito zangada, etc. Por dentro estava a ferver. Deitei-me com fúria e apaguei a luz. A M não disse nada em todo o meu discurso, até parecia estar com vontade de rir. Menos de cinco segundos passaram e agarrei-a, acendi a luz e consegui conversar com ela sem interferência dos nervos. Ela disse que não tinha visto o mano, mas disse-o a rir, por isso,  nunca terei a certeza, mas preferi acreditar nela. Pedi-lhe desculpa por ter ficado tão doida e ela pediu-me desculpa também. Abraçámo-nos e beijámo-nos. Demorei a adormecer, mas acabei por conseguir. O pequeno R acordou a meio da noite e chorou intensamente, como poucas vezes fez desde que é mais crescido. Não queria mama, não queria nada. Saí da tenda e ele acalmou-se imediatamente. Acho que era o fantasma da minha agressividade interior que por ali andava. Depois deve ter fugido, porque dormimos bem o resto da noite. No dia seguinte, depois de brincar, falar com pessoas e saber que a A já não viria, regressámos a Lisboa onde voltámos a dormir na titi e no dia seguinte voltámos para o sul e ao pai que morria de saudades. Adorei esta aventura a três, excepto o momento da ira na tenda, pois não gosto de senti-la, sobretudo com os meus bebés. Desde que o R nasceu já aconteceu algumas vezes com a M, em situações em que o quis proteger. Parece o instinto de uma leoa a proteger a cria. Mas a minha cria mais velha também quer protecção, por isso não gosto que ela sinta esta minha fúria. Mas é assim, faz parte de mim. Felizmente não aparece muitas vezes… No outro dia, estava em ponto de rebuçado porque estavam os dois a chorar muito alto e ao mesmo tempo. Tentei cantar para afastar a ira, mas não resultou. Comecei a refilar, mas não queria fazê-lo por isso disse-lhes aos dois que ía ao quarto para não me zangar. Cheguei lá, mandei com raiva os chinelos contra a parede e dei um grito. Apetecia-me abrir a janela e correr pelo campo, mas o amor que lhes tenho é um íman e voltei para junto deles. Ainda refilei um bocadito, mas consegui acalmá-los a eles e a mim. E aqui fica registado o meu mau feitio, para aqueles que acham que eu sou um poço de paciência com os meus filhos.  Também comigo ela se esgota e fico uma chata. Mas depois vem a bonança e o poço volta a encher e é só amor e abraços. Às vezes pergunto à M: “-Sabes que eu te amo sempre, mesmo quando me zango?”. Ela diz que sim. Ainda bem.
Esta viagem com os dois, fez-me bem, senti-me forte. Eles fazem-me sentir assim, que consigo enfrentar tudo, especialmente o medo, que fica com menos espaço na minha vida. É boa essa sensação. Mas adorei regressar ao lar e ao meu querido T, que tanta falta nos faz a todos.
Obrigada R e M, por serem tão espectaculares e aguentarem estas viagens de carro todas como gente grande, quase sempre felizes e contentes. Adoro-vos.