sábado, 3 de agosto de 2013

eu queria ser... eu!

Já não escrevo há tanto tempo e hoje deu-me a saudade e vim visitar o blog. Li alguns dos meus relatos de culpa e deu-me vontade de escrever. Ainda não sei bem o quê. Tenho escrito menos porque tenho tido menos paciência para a minha culpa. Comecei a fartar-me de me sentir culpada. E com isto não quer dizer que tenha deixado de fazer disparates e de sentir culpa. Continuo a fazer coisas das quais não me orgulho e continuo a sentir-me culpada quando isso acontece, porque continuo a achar que os meus filhos e todos os filhos do mundo merecem que os pais os tratem com o maior respeito. Mas acho que começo a aceitar melhor as minhas grandes imperfeições. Fazem parte de mim. Sou eu...
Mas hoje lembrei-me do blog porque quando estava na cama com os meus M e R, à espera que eles adormecessem, comecei a lembrar-me de alguns dos meus piores momentos enquanto mãe. E a minha velha amiga, a culpa, apertou-me o coração. Nem sei se é culpa ou remorso. No fundo, o que eu queria era nunca ter tido aqueles momentos de ira. E que essa ira nunca tivesse sido direcionada àqueles seres maravilhosos. Mas foi. Aconteceu. Umas vezes com gritos, outras com olhares, outras com movimentos secos vazios de amor.
Na verdade, nos últimos tempos tem tudo sido mais fácil. O R está mais crescido, a M também. Nunca vão à escola. Sou finalmente mãe a full-time, um sonho que pude realizar com a desculpa de não ter dinheiro para o jardim-de-infância (às vezes tenho de dar voltas às coisas em vez de as assumir diretamente... parece que me custa impor os meus desejos...). Sem qualquer dúvida, desde que o sou, sinto menos culpa, porque estou com eles sempre, como sempre quis. Porque, na verdade, era o que eu sempre queria ter feito. Porque era assim que eu queria que fosse. Por isso, desde o final de Dezembro, de alguma forma, realizei um sonho. Isto não quer dizer que eu não tenha as minhas discussões, birras e afins com os meus pequenos, simplesmente deixei de ter o meu conflito interior e, logo, deixei de passar isso para eles. Mas nas últimas semanas, dei por mim a ter uns ataques de mau feitio. O auge antecedeu o meu período (que já existe!!!). Estava bastante refilona, gritava para acabar com os conflitos e, quase sem me aperceber, parecia-me normal fazer isto. Até que me caiu a ficha e pensei "não quero ser assim e sei que posso ser de outra forma". E é assim. O que é estranho é que, às vezes, parece que é bom que nos lembremos do que queremos, porque há um caminho, mais fácil, ou mais conhecido por mim, em que me pode ser fácil entrar. Mas eu não o quero, de todo...
Foi um mês intenso, em que visitei a família, de quem tanto gosto, mas que me traz sentimentos que eu às vezes ainda não consigo entender. São coisas guardadas num canto da minha alma, da minha infância, que fazem aparecer sentimentos que não sei bem como cuidá-los e guardá-los. Sinto que estou em plena fase de arrumações. Em casa, arrumo, deito fora, organizo. E sinto que também preciso de fazer isto com os meus sentimentos. Quando eles estão assim à solta, perdem-se e enfiam-se em assuntos que não lhes competem, confundindo o que eu sou com o que querem que eu seja. E custa-me encontrar-me. E é aí que quero chegar, a mim. E quando chego, sinto-me bem, em paz, comigo e com os meus. Os filhos espelham tão bem a nossa vida, os nossos momentos de confusão interna, que ainda me espanto por não perceber isso imediatamente quando os vejo diferentes...
Enfim, já vivo melhor com o facto de não ser uma mãe perfeita. Continuo a adorar ser mãe. E gosto de voltar a ver a mulher que vive em mim. E acho que essa também precisa de atenção. Precisa de ser cuidada. Precisa de encontrar-se. E nesta busca e confirmação do meu "eu" surge menos espaço para a culpa.
Gostava de mudar o nome do blog para "Eu queria ser... eu"... era mais adequado a este momento da minha vida.

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