segunda-feira, 29 de novembro de 2010

DIAS CINZENTOS: AS BIRRAS

Antes de mais quero dizer que não podia estar mais feliz por ter dois filhos tão maravilhosos. Mas isso nem sempre faz com que eu seja a mãe que gostaria de ser. Por vezes fico irritada e perco a habitual paciência que tenho (exclusiva para os filhos e muito em falta para outras pessoas que fazem parte da minha vida). E desde que o R nasceu sinto que estou com muito menos paciência e, por vezes, transformo-me na mãe que nunca quis ser: refilona, irritadiça e sem paciência. Desde que o R nasceu têm havido alguns dias realmente complicados. Não são muitos, mas quando aparecem desgastam-me imenso. Normalmente o que acontece quando estamos só os três?
Estou a dar de mamar, a M quer brincar comigo e, como não pode, começa ou a chorar e a gritar “quero a minha mãe” (mais inicialmente), ou a tentar fazer malandrices ao mano, como tentar afastar-lhe a cabeça da minha maminha, tentar bater-lhe ou puxar-lhe o pé, ou a tentar ir para o meu colo ao mesmo tempo. Isto, na M é muito pouco comum pois ela não é nada agressiva, nem connosco nem com outros meninos. E ela faz tudo isto sem grande convicção, sempre a olhar para mim com um olhar específico para este momento. Aliás, eu já sei quando vão acontecer estes momentos, pois ela olha para mim antes a avisar “vou fazer malinhos”. Eu não consigo disfarçar a enorme irritação que sinto quando ela começa com isto. Não que eu não compreenda: quer-me e não pode e não está habituada pois antes eu podia sempre. Mas mesmo percebendo fico chateada, o pequenino R fica irritado com os berros, sente a minha irritação e muitas vezes ouve-me a ralhar com ela, pois acabo por não me controlar. Já para não falar que a tenho de afastar muitas vezes e que isso me faz sentir violenta com ela, o que me desgosta muitíssimo. Depois de um pouco tudo passa, a M começa a brincar sozinha, sempre à espera que eu “fique livre”, claro, mas tranquila. Mas graças a estes momentos, ontem decidi, pelo menos por uns tempos, levar a M todas as manhãs para a escola (ela só tem ido 3 manhãs por semana, das 10 às 14 e 30). Esta decisão deu-me muita pena e frustração, pois eu queria mesmo ficar com os dois, mas enquanto não conseguir superar a minha irritação e contornar este momento de uma forma mais airosa, acho que não estou a ser boa nem para um, nem para outro.
Mas estes dias cinzentos não se confinam aos momentos em que estamos apenas os três. Aliás, acho que as maiores birras acontecem quando o T está por casa. (entretanto passou mais um dia. Tive de interromper para tomar banho e estava tão distraída que entrei na banheira e comecei a molhar-me com o soutien vestido!) Como dizia, as maiores birras, os dias mais cinzentos escuro acontecem a quatro. A M já fazia algumas birras, nada de especial, mas fazia-as, quando não fazíamos algumas coisas que ela queria. Mas começou a fazer umas recorrentes, na hora de ir para a cama. Porquê? Eu cá tenho a minha explicação. O R, depois do jantar, costuma estar a dormir, ou seja, estou livre para brincar e costuma ser depois do jantar que nos desforramos das brincadeiras. Claro que dizer já acabou a este momento pode ser doloroso. Mas todos os dias birras à mesma hora também o é. Depois, nestes ditos momentos, para melhorar tudo, eu e o T temos por hábito começar a discutir, ora porque eu digo “não fales assim”, “não precisas gritar”, “não digas isso”, eu sei, tudo coisas que não se devem dizer, especialmente às frente dos filhos, mas eu não me consigo controlar. O T tem muito pouca tolerância a gritos e choro e quando tal acontece fica logo no limite, o que piora as coisas que poderiam acabar por desaparecer per si. Enfim, como dizia, estas situações ficam intensas e eu tento aguentar, mas no outro dia acabou por me saltar a tampa e disse à M com o meu ar mais duro, de veia do pescoço inchada (que me caracteriza na ira), que se ela não fosse imediatamente para a cama comigo (porque dormimos todos juntos… sim às vezes torna-se confuso, mas sabe bem) no dia seguinte não ia ver desenhos nem lhe iria contar nenhuma história (a M é viciada em histórias). Ou seja, ameacei-a com um castigo. Não gosto da ideia do castigo, pois não quero que ela deixe de fazer birras com medo do castigo, mas sim porque percebe que precisa de dormir… mas não resisti. O meu ar deve ter sido tão sério que ela veio comigo a soluçar ao meu colo. Quando estávamos na caminha, ela tentava chorar baixinho para não acordar o mano, pois eu tinha-lhe dito que se o mano acordasse com os gritos a “pena” das histórias mais desenhos se mantinha, mas às vezes não aguentava. Estava a partir-me o coração, mas a irritação ainda estava ao rubro. Finalmente acalmei-me, com ela abraçada disse-lhe para ela não se preocupar, que se o mano acordasse não havia problema e ela acabou por sossegar e adormecer… aos soluços… a minha bebé… Odiei ter feito isto. Achei horrível, mas não consegui controlar-me. Desde esse dia não têm havido birras para dormir, às vezes há algumas ameaças mas não se desenvolvem. Falámos sobre o que aconteceu, quis que ela percebesse o porquê dela precisar de dormir, para tentar “limpar” aquela sensação “tenho de ir para a cama sem birras porque se não a mãe zanga-se e não tenho histórias nem desenhos”, mas acho que isso não é possível. As coisas não se apagam, ficam lá. Não acho que fique mal pedir desculpa, por isso pedi, por lhe ter falado daquela forma tão brusca. Quando lhe falo menos bem, tenho por hábito pedir-lhe desculpa. O T acha mal, mas eu não. Ela também pede desculpa quando acha que erra e eu gosto. Diz assim, “parti-te o coração, mamã?”, é tão linda…
Bem, e aqui ficou um registo de um momento cinzento. Temos outros, claro, mas temos muitos mais coloridos, cheios de beijinhos, abraços, brincadeiras e gargalhadas. E é tão bom quando vejo os manos a namorarem… nem que sejam apenas breves momentos, pois o R rapidamente se cansa da posição e quer mudar, mas quando acontecem aquecem-me o coração!

3 comentários:

  1. Eu sou a R mãe da A e mãe de outro bebé dentro em pouco tempo, estás a ver quem é? eheheheh

    Como é? Posso divulgar? Só a certas pessoas...

    Beijos, beijos

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  2. Claro que sim, R mãe da A. Muitos beijos à R, à A, ao L e ao Z :-)

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  3. e já divulguei :)))))))))))
    mais beijos

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